domingo, 26 de dezembro de 2010

A magia do natal na arte da reformulação do ser (Nélio Azevedo)

Deus sacrificou seu único filho para te salvar Com esse gesto produziu uma cor - o amar Seus ensinamentos criaram outras cores Para que te construa, também, com valores Dentre outras coisas, te fez livre e inteligente Daí em diante, deu as tintas para que cada um se pinte Não te impede que peça alguém para fazê-lo Mas não se responsabiliza se não resultar num modelo Como colocar em prática os objetivos dessa missão Se faltavam instrumentos para facilitar a ação? Visando à criatividade, como a textura pastel Ofereceu o pincel Para numa tela em branco te pintar Ou em outra precisando de se reformar Ele oportunizou a motivação Como produtora de emoção Quando Jesus menino foi pintado para cumprir sua missão Foi esperado com festa em conjunção de coração Por isso, nem precisa de inspiração Use esse modelo cristão Visando sarar as feridas da sua época infantil Que é o que incomoda em cada adulto, de pueril Neste caso é seu próprio nenê Que só espera isso de você Faça escolhas com a íris Das cores do arco-íris Não se esqueça da magia Nem economize na energia Comprometa-se com o novo Que te resgate do ovo Mude o que não podia Construa sua autonomia Adicione nesse infante os ritos Seja tolerante com os gritos Preencha espaços com correria Pra que ele só tenha alegria Investigue as cores da tristeza, Substitua tudo por beleza Identifique o tom da dor E cubra-o todo com amor Cuide dos olhos com atenção Selecione o canal da satisfação Substitua as gotas do amargoso Pelas do brilho gostoso O sacrifício de Jesus não foi inútil Ele não faria isso por alguém fútil Não poupe pinceladas de orgulho de ti, Pois há registros do sangue e do amor dele por ti! Não cuide só da emoção Ou do que for crítico Fortaleça com tinta o coração Combine cores que desenvolvam o corpo e enfatizem espírito Pincelando no corpo um templo, um ninho, Retribua todo esse imenso carinho Destacando a intensa cor da bondade Para que se harnonize com a cor da divindade Você, que está sendo produzido, se não estiver sendo atendido Desgrude da tela, use a paleta para combinar o que te faz sentido Crie um matiz do poder, que foi herdado Para valorizar o que foi por ti realizado Tenha coragem de acrescentar algo mais do que quiser Receba tua criança restaurada pela fantasia da chaminé Seja, também, o presente dela - barba branca, gorro, roupa, tudo vermelho Dançem uno com a sinfonia das estrelas, como com a tua imagem no espelho É preciso ousar com o que se faz Para se ter um Natal da cor da paz. É preciso muita coragem para fazê-lo, Não é apenas esperando merecê-lo. Então, instrumentalizado, construa neste natal Utilizando todo esse arsenal Objetivando a reformulação do serEssa belíssima obra – você!

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Matéria sobre a TCI no Correio Braziliense (Clique aqui)

O Correio Braziliense fez uma matéria, de Márcia Neri, sobre a Terapia Comunitária (TC). Eles entrevistaram o Dr. Adalberto Barreto e visitaram dois grupos de TC em Brasília: dos Correios e do TST. Clicando no título desta postagem você tem acesso à matéria, com o depoimento de alguns participantes e trecho de um artigo meu.

A foto é do grupo que eu participo.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

A TC como formadora de novos padrões vinculares (parte 1)

Incluir socialmente um indivíduo ou uma classe social parece ser tarefa do Estado. Porém, acreditamos que nós como cidadãos podemos e devemos colaborar com o desenvolvimento psicoafetivo e social do nosso próximo. Os jovens deste grupo e de muitos outros espalhados pelo Brasil sentem falta de apoio social, estão expostos à violência e outros estressores, não têm muita perspectiva de futuro. Tudo isso porque a ausência da figura de apego por trocas de cuidadores, associadas a perdas e separações precoces geram um sentimento de desamparo e impotência. Ninguém escolhe a família, o bairro ou o país onde nascer nenhum ser humano escolhe ser um excluído, viver à margem da sociedade e não ter acesso à educação superior. A exclusão “ao mesmo tempo em que molda a subjetividade do indivíduo, caracterizando-o muitas vezes como um ser que não pode criar, mas que deve repetir, esvazia-o das condições que o possibilitariam transcender uma compreensão imediata e estática da realidade” (Costa, 2004). Na TCI descobrimos que o desamparo, através do abandono e da exclusão, pode ser transformado pela capacidade de resiliência do participante, que é revelada e desenvolvida no grupo. É possível transcender a moldura imposta à subjetividade, a partir do momento em que o indivíduo tem compreensão da sua condição social, tem oportunidade de refletir sobre si e conhecer novas possibilidades de interação social. De alguma forma, por mínima que seja, podemos fazer algumas escolhas na vida. Se o excluído tiver alguma oportunidade de escolha ele viverá de uma forma distinta da que lhe fora determinada no “berço”, no mínimo mais consciente. Uma ação terapêutica grupal, como a Terapia Comunitária pode ser uma via que possibilita a inclusão social. Sentir-se incluído, aceito e valorizado na família viabiliza a inserção em outros grupos da sociedade. Quando a família falha há a possibilidade de ser aceito na escola e se esta também se mostra ineficaz os “amigos”, através das gangues ou o uso de drogas, certamente, preencheram esta falta. Jovens que não estabeleceram uma quantidade razoável de vínculos seguros podem encontrar na TC a oportunidade de novos padrões de vínculos saudáveis.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Não desistir do outro que está doente

A roda de hoje mal terminou e já corri pra “blogar”. O Mismec-DF está visitando todas as rodas do DF e a nossa foi a primeira a receber dois terapeutas: Iris e Pedro. Foi uma alegria recebê-los. A idéia é realizar um recadastramento de todas as rodas e terapeutas atuantes. Se você tem uma roda de TC procure o Mismec-DF, se aproxime, o Mismec-DF quer estar mais próximo de você em 2011. Eu estou amando a idéia. Vamos ao tema desta TC, a penúltima roda do ano. Uma participante trouxe sua preocupação e angústia com um sobrinho que está ‘vivendo’ no mundo das drogas. Ela disse: me sinto muito fraca, incapaz de ajudá-lo, meu coração dói. Eles cresceram juntos, como irmãos e ela não sabe o que fazer para ajudá-lo. Lancei o seguinte mote: Quem já se sentiu angustiado querendo ajudar alguém e o que fez pra superar esta angústia? Houve várias respostas: eu esperei a pessoa pedir ajuda; eu orei a Deus; eu me mostrei disponível; eu fui ao encontro da pessoa; eu fiz a minha parte, orientei e ofereci ajuda de forma concreta; eu e minha família superamos as dificuldades com AMOR. Concluímos, com a restituição a pessoa angustiada, que quando ela pensa não ter mais força descobre uma brasa no coração que a desperta, a brasa se converte em labaredas de fogo, que a capacita a não desistir da pessoa que ama.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Quem já foi obrigado a fazer algo que não queria?

A Terapia Comunitária com o grupo de adolescentes de uma cidade satélite de Brasília neste mês é sobre um tema que nós adultos vivenciamos constantemente. Conversamos um pouco sobre o ano letivo que está se encerrando e os sucessos e fracassos de cada um. Depois um dos garotos, com 15 anos e constante no grupo, falou: “O que está me preocupando é que minha mãe vai me mandar morar com meu pai no Nordeste...meus amigos e minha namorada estão aqui em Brasília...quem eu conhecia lá tá usando droga.” Enquanto ele falava fiz algumas perguntas para ajudá-lo a identificar seus próprios sentimentos. Ele só conseguia dizer que estava mal. Eu disse: quando você está mal o que sente? Aos poucos (sem olhar para os colegas e meio envergonhado, como se admitir seus sentimentos fosse demonstrar fraqueza), ele foi reconhecendo sentir raiva, tristeza, revolta e receio do que o esperava em um lugar estranho (seria medo?). Lancei o seguinte mote: Quem já teve que ir obrigado pra algum lugar, como se sentiu e o que aconteceu? Algumas pessoas falaram que não queriam ter vindo pra Brasília, mas que conseguiram novos amigos. Outro falou que nada é para sempre, que foi para um lugar e voltou, às vezes é só um tempo. Ainda teve a experiência de quem podia ter ido pra droga, mas que procurou uma igreja na nova cidade e fez boas amizades. Aceitar que está sofrendo é muito difícil, para adolescentes pode ser sinal de fraqueza. Aprendi que preciso reconhecer meus sentimentos, para poder lidar com eles e que a estratégia do outro pode ser útil em minha vida, maximizando meus acertos.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

"Você não sabe o quanto eu caminhei pra chegar até aqui"

Após três semanas retomamos nossa TC. Recebemos a visita de Vera uma terapeuta em formação que nos ensinou a dinâmica do boneco de lata amassado. Seguimos nossa roda e o tema do dia foi sobre a dificuldade de uma participante em aceitar as mudanças na sua vida. Porém, a arte de fazer perguntas em TC nos mostra que o tema apresentado é apenas o tema aparente, o que a pessoa consegue falar. Por trás deste há o tema latente, aquele que não é dito “na lata”, de imediato, seja por resistência (mecanismo de defesa inconsciente) ou por simples vontade de não se expor. Fazendo perguntas descobrimos que a dificuldade da participante em aceitar o novo, o diferente, em sua vida iniciou, segundo ela, numa experiência do passado. Chegou-se ao tema latente (pode haver várias causas inconscientes), a dificuldade de perdoar alguém do passado. Quando fui lançar o mote perguntei a ela. Você gostaria de ouvir sobre a dificuldade em lidar com as mudanças ou em vivenciar o perdão. Imediatamente ela disse: minha maior dificuldade é perdoar. Então lancei o mote: Quem já teve dificuldade em perdoar e depois conseguiu e como se sentiu? Silêncio total! As participantes que falaram apenas se identificavam com o tema, tinham a mesma dificuldade. Quando todos numa roda de TC vivenciam o mesmo problema fica difícil trabalhar o tema por identificação, temos que apelar para a criatividade. Como nenhum dos 25 participantes superou o problema eu contei um caso, um exemplo de superação, de alguém que conseguiu perdoar e não ficou na beira da estrada vendo a vida passar. A falta do perdão obstrui a vida e a pessoa não consegue “sair do lugar”, por medo do desconhecido privando-se de seguir no caminho e descobrir o que há depois da curva.

domingo, 7 de novembro de 2010

Matéria sobre a TC no uol ciência e saúde

Saiba como é uma roda de terapia comunitária Carla Prates Do UOL Ciência e Saúde Terapia traz alívio ao sofrimento causado por conflitos emocionais o método diminui encaminhamento para serviços de saúde. Terapia comunitária é diferente de psicoterapia. O método começa a ser levado a outros países.Um senhor, meio sem jeito, que nunca havia participado resolve falar: “Estou com um problema de relacionamento em casa. Moro com meu filho, minha nora e a netinha. Queria que eles tivessem mais consideração comigo”, desabafa o senhor, meio sem jeito, em uma roda de terapia comunitária de um parque da cidade de São Paulo. Confortado por uma das terapeutas, ele toma coragem e continua: “se eu não falo com meu filho, ele não fala comigo. Se eu conversar ele responde, mas não para me satisfazer”. Alguém diz que a situação faz lembrar a do pai que já morreu: “às vezes, queria conversar com ele, mas tinha alguma barreira, não conseguia tirar esse bloqueio”. O problema do senhor é eleito para ser compartilhado por todos na roda. E logo vem a pergunta: “o seu filho sabe que o senhor se sente assim? Não. E o que poderia acontecer se vocês conversassem sobre isso?” Ele muda de assunto, relata que sente muita insônia, vive sozinho e tenta se distrair. E a nova questão, agora para o grupo todo compartilhar suas experiências de vida: “Quem já teve dificuldade para expressar o que sente para outra pessoa que gosta e como fez para resolver? Surge um leque de respostas: “Já tive e guardei para mim mesma, fiquei sentida, mas não falo porque sei que é assim, as pessoas não ouvem”; “eu já falo das minhas necessidades, procuro sempre encontrar um amigo ou companheiro que me ouça porque isso resolve, eu que não deixo minha pressão subir”; “eu também tento comunicar a outra pessoa o que sinto de maneira respeitosa, não cobrando o outro porque daí ele pode ficar na defensiva”... O senhor ouve os depoimentos, atento. Antes do término, cada um relata o que aprendeu naquele dia: “que somos todos semelhantes e temos sempre algo a compartilhar”; “que nunca sabemos tudo da vida, mas sabemos um pouco de tudo e podemos fazer diferente”. O senhor, agora um pouco mais à vontade, agradece: “queria dizer obrigado a todos vocês”. E por aí a roda seguiu até o fim, com alguém puxando a música: “viver e não ter a vergonha de ser feliz, cantar e cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz...”. O senhor sorriu enfim e se uniu ao coro das vozes.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Cora Coralina

Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina. O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher.

Não sei ...se a vida é curta ou longa demais para nós, Mas sei que nada do que vivemos Tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas.

O que importa na vida não é o ponto de partida, mas a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher. Cora Coralina

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Uma dinâmica na hora da partilha?

Estive ausente por algumas semanas, férias. Agora vamos retomar com a rotina e com o blog. Durante três semanas o grupo de Terapia Comunitária com os adultos foi conduzido por um amigo, terapeuta corporal com formação também em arte terapia: Ivan Rezende. Que há mais de um ano conhece e colabora com o grupo sempre que pode. É sempre bom um outro olhar e uma nova atitude com um grupo regular de terapia, seja qual for a linha que você segue. O grupo esteve com este terapeuta por três semanas. Nesse tempo ele propôs ações diversas da TC. Em especial quero compartilhar aqui uma atividade muito interessante que ele conduziu.
Após um exercício corporal propôs-se uma dinâmica de partilha. Todos escreveram em um papel o problema que estavam vivendo naquele momento, sua dificuldade. Em seguida os textos foram trocados aleatoriamente, ninguém sabia de quem era o papel que pegou. Cada um leu e refletiu sobre o problema que “caiu” na sua mão. Todos foram orientados a comentar como lhe “bateu” a questão que leu, e se possível partilhar como se o problema fosse seu. Em seguida, abria-se para discussão dando a oportunidade a quem já viveu algo semelhante àquele problema compartilhar como superou.
Todos puderam se expressar, mesmo que por escrito, e ouvir as estratégias de enfrentamento dos seus problemas por outros que já vivenciaram. Ouvir outra pessoa falar do seu problema já favorece uma nova percepção de si e da questão.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Matéria sobre a TC com o grupo de trabalhadores, por Marta Crisóstomo.

Terapia Comunitária no TST fortalece autoestima e reforça cidadania dos terceirizados

Todas as sextas-feiras, há exatamente dois anos, uma roda se forma no térreo do bloco B do TST, embaixo da biblioteca. É lá que, às 14 horas, um grupo se reúne para falar e, principalmente, ouvir uns aos outros. Seus problemas, angústias, experiências, aprendizados, tudo é partilhado. Um fala de cada vez, e sempre na primeira pessoa, conforme as duas regras do programa estabelecidas e prontamente respeitadas. As sessões têm momentos de alegria e tristeza, mas o mais importante foi a criação de laços de confiança mútua entre os integrantes - colaboradores terceirizados da área de conservação e limpeza do Tribunal. Com isso, a roda de Terapia Comunitária, sob a supervisão da psicóloga Teresa Freire, se firmou e tem rendido frutos como ajudar os participantes a se fortalecer para enfrentar o dia a dia, já que lá podem desabafar e discutir problemas sérios, como a morte – às vezes o assassinato - de alguém querido, a prisão de um filho por drogas, a superação de uma crise de depressão, o rompimento indesejado de um romance. Tudo com muito carinho, respeito e solidariedade, adquiridos durante a convivência de na roda. De acordo com Teresa, que também é teóloga e filósofa, em média 25 pessoas, que têm jornada de 44 horas semanais, trabalhando inclusive aos sábados, atendem à terapia regularmente, mas o grupo pode chegar a 40, de acordo com a ocasião. Segundo ela, cerca de 30% estão na terapia comunitária desde o início, mas há muita rotatividade, por causa das demissões e transferências. Há 19 anos no TST e atualmente trabalhando na Biblioteca, a psicóloga explica que o projeto foi regulamentado pelo N.º 525/GDGSET de 16/10/2008, e teve no início a participação de mais duas terapeutas, que não puderam continuar o trabalho. “Tive medo de não conseguir tocar a terapia sozinha, mas felizmente tem dado certo”. Voluntária, seu ganho é o “salário afetivo”, como diz. Teresa coordena ainda um outro grupo de terapia comunitária com crianças do Varjão, e mantém um blog sobre as duas experiências: o http://terapiacomunitariapsicanalise.blogspot.com/.

O principal motor da terapia comunitária, afirma a psicóloga, é o reforço da autoestima que ela traz aos participantes, fruto do autoconhecimento gradualmente adquirido. Como resultado, eles passam a ter consciência de sua própria importância e atentam para sua cidadania, seus direitos e deveres; passam ainda a sonhar, e com isso reconhecer desejos, estabelecer objetivos, metas. A cada início de ano é perguntado aos integrantes qual sua meta para o período, e isso é periodicamente relembrado. No processo, são partilhadas estratégias para a consecução do objetivo. Teresa conta que, no início da terapia, os participantes tinham dificuldades de falar de si, e a discussão ficava muito no coletivo, em questões como problemas no trabalho. “Eles eram tímidos para usufruir de direitos simples, como pegar um atestado de saúde quando necessário”, conta ela. Houve, então, um período para orientação sobre essas questões. Com o passar do tempo e o ganho da confiança mútua, a fala passou a ser sobre o eu de cada um, e os participantes foram conseguindo partir do mundo concreto para o abstrato. Hoje, como disse A., uma integrante há um ano e 10 meses, há muito companheirismo e muita coragem da maioria de falar sobre sua vida. “Um dá força para o outro para se soltar”, afirma. E eles vêm se soltando mesmo. S., por exemplo, afirmou que nunca havia conseguido ler em público na vida, nem manifestar carinho dando abraço num colega. Com a terapia, “isso agora é fácil”, diz ela. Já V., que chegou na roda com depressão há dois anos, conseguiu, com a ajuda da terapia, buscar ajuda e hoje está praticamente livre da doença. De acordo com ela, “aprendi a me abrir na roda, a falar de mim e a escutar o que os outros dizem”, o que ajudou no processo de recuperação da depressão. Já I., que participa “quando pode”, a terapia comunitária trouxe mais calor humano ao Tribunal, e para ele “deveria haver mais rodas no TST e em outros lugares da vida, porque essa troca faz com que a gente passe a falar, ouvir, compartilhar e, especialmente, confiar”. (Marta Crisóstomo)
Texto retirado da intranet, na página do TST, acessado em 20/09/2010.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A TC é dinâmica e nos dá oportunidade para criar

Como já disse em outras postagens: fazer terapia com as mesmas pessoas todas as semanas exige um aprofundamento. A TC teve que ser adaptada porque o grupo passou a ser terapêutico. Assim, estou fazendo algumas mudanças. Com o objetivo de criar novas oportunidades para que tod@s falem, ao invés de perguntar qual o problema está tirando o seu sonho, tenho pedido para que alguém conte uma ou mais qualidades que possui e uma dificuldade que tenha.
Alguns reconhecem ser pacientes, honestos, tolerantes, bons ouvintes, alegres. Mas, por incrível que pareça algumas pessoas têm muita dificuldade em identificar qualidades em si. Então, faço a pergunta de outra forma: o que você sabe fazer bem? Se a dificuldade persistir eu peço ajuda ao grupo (que é formado por pessoas que trabalham juntas). Quem identifica alguma qualidade no fulano? Quando alguém identifica uma qualidade no participante, eu volto para ele e pergunto: você reconhece esta qualidade em você? Algumas vezes a pessoa não concorda que tenha tal qualidade. Então eu pergunto novamente para o grupo ... até o participante dizer: sim, eu tenho esta qualidade.
O objetivo é que o participante relembre e reconheça publicamente suas competências. O resultado tem sido muito bom. Há pessoas que sabe que possuem qualidade, mas não sabe nomear. “Eu tenho muitas qualidades, mas não sei dizer, é difícil!” Em seguida a pessoa fala sobre o que tem dificuldade... falarei sobre isso amanhã!

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Quando a boca cala o corpo fala

O resfriado escorre quando o corpo não chora.
A dor de garganta entope quando não é possível comunicar as aflições.
O estômago arde quando as raivas não conseguem sair.
O diabetes invade quando a solidão dói.
O corpo engorda quando a insatisfação aperta. A dor de cabeça deprime quando as duvidas aumentam. O coração desiste quando o sentido da vida parece terminar. A alergia aparece quando o perfeccionismo fica intolerável. As unhas quebram quando as defesas ficam ameaçadas. O peito aperta quando o orgulho escraviza O coração enfarta quando chega a ingratidão. A pressão sobe quando o medo aprisiona. As neuroses paralisam quando a “criança interna" tiraniza. A febre esquenta quando as defesas detonam as fronteiras da imunidade.
Autor desconhecido

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

"O perdão é a chave para a liberdade"

Mais uma vez o nosso tema na terapia foi o perdão: “Pra mim é muito difícil perdoar... eu fui traída durante a gravidez, todos sabiam, até minha família. Eu fui a última a saber e através de outras pessoas”. Perguntei a ela qual era o sentimento quando ela soube. “Eu senti raiva, ódio, vontade de matar os dois”. E hoje, qual o sentimento? Ainda tenho muita raiva, ainda quero esganar os dois”.
Cinco anos se passaram, eles não estão mais juntos, ele teve uma filha com a outra mulher e está sozinho. Após tanto tempo o sentimento é o mesmo e ainda a leva a chorar ao relembrar. Ela contou que raramente fala sobre este assunto: “fico com isso guardado, só pra mim”. Ter a oportunidade de falar de sua dificuldade e reconhecê-la é o primeiro passo para a superação. Outra participante contou uma experiência semelhante e disse que superou e, numa noite de Natal, abraçou o ex-marido e sua atual mulher. “Me senti leve, quando perdoei os dois”.
Na falta do perdão a pessoa segue a vida levando um peso sobre si, uma dor interminável. Devemos exercitar o perdão para aprender a exercê-lo. Então, devemos começar por pequenos desafios: se alguém pisa no seu pé, você desculpa; se chuta sua canela, você perdoa. Nas pequenas coisas você aprende a perdoar... até que um dia é capaz de perdoar quem feriu o seu coração. De repente, o peso que levava sobre as costas... que peso? Me senti leve!

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Os benefícios da Terapia Comunitária, pelos participantes

Fizemos uma roda especial para celebrarmos os dois anos de existência da TC com este grupo de trabalhadores. Após relembrarmos algumas rodas marcantes e os antigos participantes lancei o mote: Qual o benefício que a TC trouxe pra você? Após algumas respostas eu troquei o mote, na intenção de facilitar a elaboração das respostas. Afinal, pode ser que alguém não tenha entendido a pergunta e se ela for feita de outra maneira facilitará a compreensão. Perguntei: Após participar da roda pela primeira vez, o que te faz voltar na seguinte? Depois: O que você aprendeu participando deste grupo? Foram várias as respostas: # Lembro que quando eu tive depressão eu encontrei muito apoio aqui, foi nessa época que aprendi a olhar pra mim e a falar sobre mim, ante eu não me dava valor; # Aprendi a falar e abraçar, eu não conseguia dar os abraços no final da roda, ainda estou aprendendo a abraçar com mais naturalidade; #Este espaço diminui a distância entre as pessoas, acho que falta isso aqui no trabalho, a TC me ensina a ser mais humano; # Aqui foi a primeira vez que eu li em público, hoje eu consigo ler em público; # Quando meu irmão morreu, eu não tinha com quem falar em casa, todos estavam sofrendo muito. Aqui eu consegui por pra fora e encontrei apoio e compreensão. Aprendi a me comunicar mais e melhor, hoje eu não guardo nada pra mim; # Eu aprendi a ouvir, a tratar melhor as pessoas e fiz muitas amizades.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Dia do psicólogo e da psicóloga, claro!

Hoje comemoramos o dia do psicólogo, escolhi um poeminha bem conhecido que eu acho que nos define bem e de forma leve e despojada. Parabéns a tod@s que dedicam ao próximo o seu interesse, estudo, escuta e acolhida. A você que se alegra quando o outro descobre que pode ser melhor do que era ... (e isso nos faz melhores também) PARABÉNS!
Psicológo
... Não adoece, somatiza. Psicólogo não estuda, sublima. Psicólogo não fofoca, transfere. Psicólogo não conversa, pontua. Psicólogo não fala, verbaliza. Psicólogo não transa, libera libido. Psicólogo não é indiscreto, é espontâneo. Psicólogo não dá vexame, surta. Psicólogo não tem idéias, tem insights. Psicólogo não resolve problemas, fecha gestalts. Psicólogo não pensa nisso, respira nisso. Psicólogo não muda de interesse, muda de figura e fundo. Psicólogo não come, internaliza. Psicólogo não pensa, abstrai. Psicólogo não é gente, é um estado de espírito

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Depoimento da Nilda, uma participante da TC

Bom, a Terapia Comunitária tem sido um espaço de coragem e determinação. Desde que participo deste grupo consigo me expressar com mais facilidade. Aprendi a ser atenciosa diante de desabafos e lamentações de colegas da roda. Sinto que posso ser uma pessoa de mais atitude, através da coragem e do companheirismo que encontrei neste grupo.
Quando eu participo da roda sinto que posso ser uma pessoa melhor através do amor, da compreensão e da coragem. Quando eu não participo sinto falta deste grupo maravilhoso que é a TERAPIA COMUNITÁRIA.
Nilda

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Reiniciando o grupo com adolescentes

Após dois meses sem Terapia Comunitária (TC) com o grupo de garotos adolescentes da periferia de Brasília reiniciamos neste sábado. Havia 25 meninos entre 8 e 17 anos, apenas 5 conheciam a TC, vinte eram novatos. Sabendo que o grupo estava se renovando propusemos uma dinâmica de apresentação. Levei uma sacola com vários objetos e brinquedos: lanternas, bola, luva de Box, CD, dinossauro, livro etc... Cada um escolhe um objeto, diz o seu nome, idade, data de aniversário, série que estuda, porque escolheu aquele objeto, e o que mais gosta de fazer e qual sua maior competência (a pergunta é: o que você faz bem feito?). Para alguns é fácil dizer “eu sou bonito”, “gosto de jogar bola e de brincar”. Outros só conseguem dizer o nome e a idade, então nós fazemos algumas perguntas para ajudá-los a se expressarem. O que você gosta de fazer? Qual sua matéria favorita, na escola? Todos os dados foram anotados e faremos uma lista dos aniversariantes dos meses a ser fixada no espaço onde fazemos a roda. Explicamos o que é a TC e como ela funciona e suas regras. Aliás, quem explicou e orientou os novatos, no decorrer da roda, foram os veteranos. Também contamos com uma estudante de TC, que nos alegrou com sua presença.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Dois anos de vida (link para TC no trabalho)

A Terapia Comunitária com o grupo de terceirizados em um órgão público em Brasília está completando dois anos. Nesses dois anos muitas pessoas foram demitidas ou foram transferidas, outras foram contratadas e entraram para o grupo, algumas deixaram de comparecer aos encontros. Mas há aqueles que estão desde a primeira roda, neles percebemos uma grande evolução. Para manter um grupo com os mesmos participantes por tanto tempo é preciso muita determinação e criatividade. Para que a proposta não caia numa rotina e para que as pessoas possam aprofundar suas questões o grupo passou a ter um caráter terapêutico. Muitas vezes não há questões práticas a serem compartilhadas, mas marcas profundas deixadas pela vida. Ter uma dinâmica de interação diferente a cada encontro é um desafio, sempre solicito a contribuição do grupo, nem sempre eles correspondem. Fazer a terapia em apenas uma hora, o tempo que eles são liberados para a roda, também é difícil, especialmente quando o grupo é grande, mais de 30 participantes. Ver uma pessoa que ficou um ano e meio participando das terapias sem compartilhar nada de si, um dia começar a falar e, em duas sessões, contar suas histórias de rejeição ao longo da vida: não tem preço. Parece que foi preciso muito tempo para que ela acreditasse que não seria rejeitada também nesta roda se ela se revelasse. O que eu aprendi e amadureci em dois anos ... não tem preço. Como diz Adalberto Barreto: “o salário da TC é o salário afetivo”. A todos que já passaram por esta roda e aos que ainda estão aqui: PARABÉNS E MUUUUUITO OBRIGADA!

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Em vez de você ficar pensando nele, pense em ti, chore por ti, liga pra ti...

O tema desta semana foi sobre amor. É sempre bom falar de amor! Veja o resumo da fala da participante: “Estamos juntos a quatro meses. Inventaram umas coisas sobre mim e a família dele acreditou. Então ele disse que não queria ficar namorando escondido, se eu não posso nem ir a casa dele. Hoje foi a gota d’água, ele disse que saiu com outra garota e que vai tentar me esquecer. Estou me sentido humilhada, tá doendo muito. Ele disse pra eu ligar a hora que eu quiser e que podemos ser amigos. Eu não quero ser amiga dele. O que vocês acham que eu devo fazer?” Nesta roda de TC só havia mulheres e todas começaram a falar pra ela não chorar por homem nenhum e dizer o que ela deveria fazer. Então eu disse que não deveríamos criticá-la ou dar conselhos. Que é muito fácil dizer o que é ideal numa situação desta, mas o ideal, muitas vezes, nem nós conseguimos fazer. Orientei o grupo a contar uma experiência semelhante e como ela foi superada. Algumas contaram como doeu a separação e partilharam suas estratégias para superar o término de um relacionamento. Ao final o grupo se comprometeu a ajudá-la: toda vez que ela ficar pensando em procurá-lo pode ligar pra qualquer uma de nós para desabafar. Quando um grupo de terapia chega nesse estágio de comprometimento com a dor do outro é porque alcançou um alto nível de solidariedade, compreensão e a cumplicidade. É sinal de que a terapia tem favorecido o desenvolvimento de competências e habilidades sociais que podem ser desenvolvidas para além do grupo.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Luas e luas

His­tó­ria ori­gi­nal de James Thur­ber, Adap­tada por Luiz Car­los Ramos a par­tir da ver­são de Rômulo Cân­dido de Souza
Era uma vez uma prin­ce­si­nha que ficou muito doente. O rei fez de tudo pra que ela ficasse boa nova­mente. Mas os médi­cos do reino não con­se­guiam curá-la. Deses­pe­rado, o rei, junto ao leito da filha, disse-lhe: “Pede-me o que qui­se­res para que fiques boa.” Então a prin­ce­si­nha res­pon­deu: “Eu quero a Lua!” O rei ficou apa­vo­rado. Cha­mou todos os sábios do reino para ver como resol­ver o pro­blema. Os astrô­no­mos dis­se­ram: “Impos­sí­vel, está muito longe!” Os enge­nhei­ros dis­se­ram: “Impos­sí­vel, é muito pesada!” Os eco­no­mis­tas dis­se­ram: “Impos­sí­vel, cus­ta­ria muito dinheiro!” Os mate­má­ti­cos fize­ram seus cál­cu­los e dis­se­ram: “Impos­sí­vel, leva­ria muito tempo!” e assim por diante. O bobo da corte, que até então só ficara ouvindo e vendo o deses­pero do rei, arris­cou: “Majes­tade, se me per­mi­ti­res, tal­vez eu possa ajudar.” O rei estava cético, mas na falta de alter­na­ti­vas resol­veu dar uma chance ao bobo. O bobo foi até o quarto da prin­ce­si­nha: “Boa noite, prin­ce­si­nha! Então, você quer a Lua, não é? E como é mesmo a Lua? Do que ela é feita?” “Ora, seu bobo, todo mundo sabe que a lua é feita de prata, e que é assim, deste tama­nho…” (e fez um pequeno cír­culo jun­tando os indi­ca­do­res e os polegares). Então o bobo disse: “Ah, claro!” E abriu a janela do quarto. A lua cheia bri­lhava alta no céu. E, voltando-se pra prin­ce­si­nha: “Olha, agora ela está muito alta. Mas quando esti­ver mais baixa, ali perto daquela árvore, eu subo lá e pego a lua pra você. Agora des­canse, ela ainda vai demo­rar pra abaixar.” A prin­ce­si­nha ficou des­can­sando e o bobo pediu ao rei auto­ri­za­ção para ir até o tesouro real. Lá esco­lheu uma meda­lha de prata, mais ou menos do tama­nho que a prin­ce­si­nha tinha dito que era o da Lua. Colo­cou numa cor­rente e espe­rou amanhecer. No outro dia, o rei e todos do palá­cio anda­vam curi­o­sos atrás do bobo que se diri­gia ao quarto da prin­ce­si­nha. O bobo entrou no quarto com as mãos pra trás. “Bom dia, prin­ce­si­nha, que acaba de acor­dar com um beijo do sol bem na ponta do nariz! Adi­vi­nha o que eu trouxe pra você?” E lhe esten­deu as mãos com a meda­lha de prata! Os olhos da prin­ce­si­nha bri­lha­ram, e ela excla­mou: “A Lua!” E o rei: “A Lua!” E todos repe­ti­ram: “A Lua! A Lua! A Lua!” Naquela mesma noite, a prin­ce­si­nha e o bobo esta­vam olhando pela janela, e a lua tor­nou a apa­re­cer no céu. Todos fica­ram apre­en­si­vos. Então o bobo arrematou: “Veja só como Deus é mara­vi­lhoso. Ontem rou­ba­mos a lua, e Ele já pôs outra no lugar!” E ela: “Seu bobo, Deus sem­pre faz isso quando cor­ta­mos as unhas!” E a prin­ce­si­nha sarou completamente!

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Em comemoração ao dia dos pais

Resposta a um pai preocupado com sua filha de 14 anos Um pai postou um comentário sobre sua dificuldade em comunicar-se com a filha que está sofrendo bullying na escola. Ele conta que em casa ela tem se trancado no quarto e apresentado alguns sintomas físicos. Ele pede orientação sobre a sua atitude diante de tais problemas.
Comentário meu:
Também tenho filhos e sei como você deve estar angustiado. Agressões verbais é uma forma de bullying sim. Como eu disse: os agressores buscam os colegas mais sensíveis, mais fragilizados. É difícil e fácil, ao mesmo tempo, dizer que você deve fazer isso ou aquilo. Prefiro ajudá-lo a pensar sobre a questão. Estar preocupado e buscar orientação é uma forma de demonstrar o seu amor por ela, mas ela precisa saber disso. Você já falou para suas filhas do tamanho do seu amor? Dedica tempo suficiente e exclusivamente para elas? Ter 14 anos não é fácil, é uma época de muitas mudanças no corpo, de inseguranças quanto ao futuro e descoberta da sexualidade. Você se lembra de quando tinha a idade dela? Foi fácil? Querer ficar sozinha pode ser apenas uma fase do desenvolvimento dela, mas também pode ser indício de um quadro depressivo. É preciso que você, a mãe, os professores e outros cuidadores estejam atentos aos comportamentos atípicos. Os sintomas físicos podem ser biológicos ou sinais da angústia que ela está vivendo.
Que tal buscar uma ajuda especializada? Você poderia começar pela orientação da escola e depois vocês podem fazer algumas sessões de terapia familiar para compreenderem melhor o funcionamento da família (que mesmo o casal se separando os vínculos permanecem). Se apenas ela tiver um acompanhamento terapeutico, você já estará, pelo menos, minimizando danos futuros. Espero que minha resposta possa contribuir para o desenrolar das questões que o incomodam. Estou a sua disposição. Sucesso e Paz para todos!

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Qual a sua pérola?

Em Terapia Comunitária aprendemos que todos nós temos uma pérola. Para que uma pérola se forme é preciso primeiro que um grão de areia entre na ostra e a arranhe. Após o ferimento a ostra tenta se proteger forma a pérola. Assim acontece conosco, na maioria das vezes a nossa ferida é transformada em uma pérola, isso tem a ver com nossa capacidade de resiliência. Na terapia desta semana nós ajudamos uma participante a descobrir a sua pérola. Ela foi abandonada pela mãe aos 9 anos. Teve que cuidar de 4 irmãos mais novos, um com apenas 6 meses. Ela disse: "eu passei a ser mãe dos pirralhos com 9 anos". Ao aprofundarmos um pouco mais descobrimos que ela, sem ter sido cuidada tornou-se uma cuidadora. A mãe voltou após 20 anos e ela cuida da mãe e dos filhos, sozinha. Ao final da roda seus olhos brilhavam de emoção: "nunca tinha visto minha vida desta forma". Acredito que é um mito dizer coisas como todo abusado será um abusador. É mentira! Muitas pessoas que foram abusadas protegem, cuidam e defendem crianças. É claro que muitos abusadores foram abusados um dia e não conseguiram transformar a ferida em pérola. Dica de Livro: Ostra Feliz não faz pérola. Rubem alves. Editora Planeta.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

O que é resiliência?

Resiliência, segundo o dicionário Aurélio, é “a propriedade pela qual a energia armazenada em um corpo deformado é devolvida quando cessa a tensão causadora de tal deformação elástica”. O termo resiliência, que tem sido usado em TC como a capacidade dos indivíduos em superar as dificuldades contextuais, permitindo aos oprimidos sobreviverem através dos tempos, sendo flexível. É a capacidade que temos de responder de forma mais consciente aos desafios e dificuldades, reagir com flexibilidade diante de circunstâncias desfavoráveis, mantendo um certo equilibrio durante a após as crises. Exemplo de pessoa resiliente é o Pedagogo Roberto Carlos Ramos que soube transformar seus sofrimentos em combustível para mudança. Você é resiliente? Sim, todos somos de alguma forma resilientes. A história do professor Roberto Carlos, que fugiu 132 vezes da FEBEM, é um exemplo de pessoa resiliente. Veja o trailer do Contador de Histórias: http://www.youtube.com/watch?v=uWQ8pQJ_mWk Livro: Flach F. Resiliência: a arte de ser flexível. Traduzido por Wladir D. São Paulo: Saraiva. 1991

Artigo que publiquei

Este blog era pra ser de TC e psicanálise. Por fim, fiquei só escrevendo sobre TC. Porém, ainda tem um pouco de psicanálise em mim. Este artigo foi publicado esta semana pela Revista UNIFOR (Universidade de Fortaleza). O título: É o aborto uma dor narcísica irreparável? Originou-se de um trabalho que realizei no HUB (Hospital Universitário de Brasília), lá realizávamos atendimento em grupo com grávidas. O artigo destaca a forma como grávidas que sofreram aborto espontâneo investem em uma nova gravidez, com enfase em termos como narcisismo, ambivalência, luto, melancolia e outros.
O quador ao lado: O Hospital Henry Ford ou A cama voadora (1932) – Frida Kahlo

terça-feira, 13 de julho de 2010

Frases de Rubem Alves

"A alma é uma borboleta... há um instante em que uma voz nos diz que chegou o momento de uma grande metamorfose..." "Deus é isto: A beleza que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também." “Amar é ter um pássaro pousado no dedo. Quem tem um pássaro pousado no dedo sabe que, a qualquer momento, ele pode voar”. "Não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses." "Deus é alegria. Uma criança é alegria. Deus e uma criança têm isso em comum: ambos sabem que o universo é uma caixa de brinquedos. Deus vê o mundo com os olhos de uma criança.Está sempre à procura de companheiros para brincar". "Todo jardim começa com uma história de amor, antes que qualquer árvore seja plantadaou um lago construído é preciso que eles tenham nascido dentro da alma. Quem não planta jardim por dentro, não planta jardins por fora e nem passeia por eles".

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Dança da cadeira cooperativa/solidária

Como o nosso grupo é grande e os participantes são colegas de trabalho foi fácil realizar esta dinâmica. Esta dinâmica é semelhante à clássica dança das cadeiras, só que a cada vez que que para a música você diminui uma ou duas cadeiras e todos devem sentar, nínguém sai do grupo. Até ficar uma cadeira e todos sentarem nela, ou um no colo do outro. Enquanto a brincadeira tradicional é de exclusão, esta é de inclusão.
O melhor desta dinâmica, no meu ponto de vista, foi a avaliação. Quase todos quiseram falar, éramos 28 pessoas. Vejamos apenas um exemplo: Eu achava que não ía dá pra sentar, mas alguém sempre me dava um cantinho. Depois eu perguntei: O que isto tem a ver com você, com a sua postura na vida? Às vezes me sinto sem espaço acho que não vai dá pra eu participar de algumas coisas aqui no trabalho. Talvez eu não insista pra ocupar um lugar, né!?

Estou com vontade de dar um soco nele!

Nesta roda o tema escolhido foi o do nosso colega Mário (nome fictício). Ele nos contou que transgrediu, como forma de protesto, o horário de trabalho: por que todos podem assistir o jogo do Brasil na Copa, e nós temos que trabalhar nesse horário? O chefe disse que quer conversar com ele sobre a sua atitude: vir trabalhar em um turno diferente do estabelecido. Ele me persegue porque sou muito crítico ... não sei se vou estar aqui na próxima semana, acho que vou ser demitido. Mas não estou nem aí! Então, questionamos sobre a veracidade de ele não se importar: parece que você liga para o que aconteceu. O que você está sentindo neste momento que nos conta o fato? Ela disse: Raiva. Estou com vontade de dar um soco nele. Após ouvi-la por alguns minutos perguntamos ao grupo: Quem já teve vontade de dar um soco em alguém? Por que e como você superou esta raiva? Ouvimos várias estratégias para a solução do problema. Ao final Mário agradeceu a roda e disse que estava mais calmo, mais leve, por ter podido desabafar e ver que era normal sentir vontade de bater em alguém.

Dinâmica para dia de aniversário

No curso de intervisores uma colega, terapeuta de São Paulo, compartilhou uma dinâmica, para o dia em que alguém faz aniversário. Na semana seguinte em nossa TC no trabalho, em um órgão público em Brasília, havia uma aniversariante. Com todos em pé, eu disse que estava dando a ela uma sacola (imaginária) e que ela iria passar por cada um recolhendo o que eles iriam desejar para ela. Éramos 23 pessoas, ela encheu sua sacola com: amor, alegria, saúde, esperança, paz, prosperidade, harmonia, sucesso, felicidades, realização de sonhos, beijos, abraços e outras coisas lindas. A aniversariante ficou muuuuuito satisfeita com sua sacola cheia de coisas positivas.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Coméntário instigante, da Mari, sobre a pesquisa

"Acho sempre bom avaliarmos, analisarmos a nossa prática como terapeutas e as implicações que dela decorrem. Penso que a enquete instiga duas dimensões sobre os aspectos a serem mais valorizados na TC. A primeira diz sobre a importância de alguns fatores para o bom desenrolar da terapia, mais técnico, metodológico. Então nos remete aos aspectos considerados cruciais para que os procedimentos da TC dêem certo... A outra dimensão se relaciona à repercursão emocional da TC para o próprio terapeuta.
Na enquete optei pela escolha adequada do mote, como elemento - metodológico - que considero fundamental para que e tc dê certo. No entanto, a partilha de experiências é o que mais me toca, sensibiliza. É onde tenho mais contato com o fruto do meu trabalho terapêutico, onde vejo a aprendizagem mútua se desenrolar diante dos meus olhos e minha parcela de participação nesse processo, da minha importância como pessoa, de estar no mundo. Então seria o mais valorizado na TC nesse sentido, de transformação humana que me traz... Bom, foi uma reflexão que pude fazer a partir da tua enquete, e já valeu a pena então visitar teu blog. Achei bem legal! Vai me ajudar bastante para as terapias, (valeu pela dica e resenha do livro do Yalon).
Beijos e parabéns!" Mariane, em 3 de julho de 2010 11:57
A idéia é que este blog seja como a TC, para todos e todas, então se você também quer postar algum texto ou comentário é só enviar.

domingo, 27 de junho de 2010

Enquete: o que você mais valoriza numa TC?

Colegas terapeutas comunitários,
Após ler o livro Psicoterapia de Grupo do Yalon, fiquei me perguntando quais fatores nós, terapeutas e participantes valorizamos mais na TC. Esta semana conversei com uma de minhas mentoras na TC sobre a necessidade de pesquisarmos mais. Assim, estou iniciando a primeira parte da pesquisa que é saber o que você, como terapeuta, considera essencial para realizar uma boa TC. Sugiro que, antes de responder, você leia as postagens anteriores sobre o assunto. Marque no máximo dois itens. Me ajude a enriquecer a pesquisa. Se quiser sugerir um tema, um texto seu ou divulgar algo é só postar um comentário ou enviar email.
A segunda parte da pesquisa consistirá em conhecermos o que os participantes valorizam mais na TC, farei nos próximos meses, por enquanto dê apenas a sua opinião. Espero até o nosso congresso, no próximo ano, compartilhar os resultados com todos para que possamos aperfeiçoar a nossa metodologia a cada dia.
Muito obrigada pela sua colaboração! Teresa Cristina/MISMEC-DF

Os fatores terapêuticos: integração (Yalon)

No primeiro capítulo, postado no mês passado, Yalon divide a experiência terapêutica em 11 fatores, agora ele discute os três últimos.“Diferentes pacientes beneficiam-se de diferentes fatores terapêuticos”. Cada grupo também considera diferentes fatores como relevantes. Coesão grupal diz respeito a ser aceito pelo grupo, a manter contato íntimo, revelar coisas embaraçosas e mesmo assim ser aceito pelo grupo, não se sentir mais só e sentimento de pertença. A cartase é necessária, mas não suficiente. Pois é essencial refletir sobre a experiência emocional para a mudança. A autocompreensão é importante para livrar-se de crenças patogênicas. Neste contexto cria-se um ambiente forte e solidário, coeso. Quanto maior a ambigüidade maior a ansiedade e quanto menor a ansiedade menor a ambigüidade e vice-versa. Os fatores existenciais dizem respeito a assumir a responsabilidade total pela forma como o participante conduz a sua vida. Assim a pessoa se empodera para sumir as mudanças necessárias em sua vida. “Ser responsável é ser o autor inconteste de sua vida”. Outra questão que Yalon destaca é o fato de que nós terapeutas valorizamos nossa técnica e interpretações que fazemos como importantes para o processo terapêutico, enquanto cada indivíduo e grupos específicos avaliam como importantes outros aspectos, como carinho e atenção do terapeuta e do grupo.
Na terapia comunitária, suponho que o participante não considera importante o mote que construímos, ou a dinâmica proposta...é algo a se investigar: O que o terapeuta e o participante da TC valorizam numa roda?
Yalon, Irvin D., (2006). Os fatores terapêuticos: integração In: Psicoterapia de Grupo: teoria e prática. Porto Alegr: Artmed.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Artigo publicado na Revista de Direito Trabalhista - Texto na íntegra na sequencia

Responsabilidade Social Começa em Casa A Terapia Comunitária em Órgão do Judiciário Federal Quando falamos em responsabilidade social pensamos em cuidar do planeta, reciclar o lixo ou ceder o espaço físico da empresa para a comunidade. Todavia, os novos valores sociais abrem espaço para outras formas de gestão responsável. Uma possibilidade de ação inovadora para as organizações seria desenvolver uma ação que favoreça os seus empregados e colaboradores. Uma experiência de responsabilidade social bem sucedida é a Terapia Comunitária. A Terapia Comunitária (TC) é um procedimento terapêutico que pode ser realizado com qualquer número de pessoas, em qualquer nível socioeconômico, com a finalidade de promover a saúde e a atenção primária em saúde mental. Funciona como fomentadora de cidadania, de redes sociais solidárias e de identidade cultural das comunidades. Por ser um trabalho em grupo, atinge um grande número de pessoas, abrangendo questões individuais, familiares, institucionais e sociais. A TC objetiva redescobrir e firmar a confiança em cada indivíduo diante de sua capacidade de evoluir e de se desenvolver como pessoa, reforçar a auto-estima individual e coletiva, estruturar a dinâmica interna de cada indivíduo promovendo as potencialidades e a autonomia. A TC consiste basicamente na realização de dinâmica de interação, apresentação de conflitos vivenciados pelos participantes, partilha de experiências e reflexão sobre o tema escolhido no dia. Há muitos grupos de TC espalhados pelo Brasil, mas poucos deles acontecem no ambiente de trabalho. Um Órgão do Judiciário Federal, em Brasília, realiza um grupo de TC com terceirizados da área de conservação e limpeza. O grupo conta com a freqüência média de 35 participantes, ao todo são 180 trabalhadores, o encontro é semanal, com uma hora de duração no horário de expediente. Nossa experiência demonstra que, ao criar um espaço de troca de experiências no ambiente de trabalho, a organização demonstra valorizar os seus empregados. Neste grupo percebeu-se que os participantes redescobriram seus potenciais e competências, o que resultou na melhora da auto-estima dos participantes e busca por melhor qualificação. Na TC os trabalhadores compartilham estratégias para conviver melhor com a família, os colegas, o trabalho e a chefia, pois alguns problemas de relacionamento são trazidos para o grupo. Como resultado percebe-se melhoria na comunicação e aumento do sentimento de união. A empresa não pode ignorar a necessidade que o ser humano tem de verbalizar, de compartilhar e socializar-se. Estudos indicam que quando o indivíduo fala das questões que o afligem ele elabora sua dor, ressignificando-a e transformando a sua percepção dos problemas que vivencia. A TC cria a oportunidade para que o participante relembre e compartilhe suas superações e conquistas ao longo da vida, favorecendo o reconhecimento de suas competências. Por aplica-se a qualquer grupo de pessoas a TC pode ser implementada em todos os níveis hierárquicos da empresa, visto que todos necessitam de um espaço para falar. Na TC um aprende com a experiência do outro, o que favorece a não repetição do erro. Como, por exemplo: ao ver que um colega ficou doente porque não cuidou de sua saúde no trabalho o outro participante passa a fazer da ginástica laboral uma rotina diária, diminuindo a incidência de doenças ocupacionais. Percebemos nos participantes um elevado sentimento de satisfação por se sentirem ouvidos, valorizados e reconhecidos. A Psicodinâmica do Trabalho assegura que o reconheciemento no trabalho é essencial para a saúde do trabalhador. Nosso trabalho indica que os órgãos e empresas que demonstram um compromisso social com o trabalhador, no nosso caso o terceirizado, colhem frutos. Valorizar empregados e colaboradores, comprometendo-se com a qualidade de vida dos trabalhadores, é uma das diretrizes para a empresa tornar-se socialmente responsável. A instituição que se dispuser a desenvolver um grupo de TC com seus empregados e colaboradores perceberá aumento da integração entre eles; melhoria na comunicação entre os trabalhadores e a instituição; crescimento da motivação e maior busca por qualificação; satisfação com o ambiente de trabalho e maior qualidade de vida e saúde no trabalho. Está comprovado que pessoas que falam sobre seus sentimentos como raiva, mágoa e dificuldade em perdoar possuem mais saúde que pessoas que guardam tudo para si. As implicações para a empresa são várias, dentre elas melhoria do ambiente de trabalho e menor incidência de doenças, que resulta em menos atestados e abstinência. Tais aspectos poderão influenciar de forma positiva a produtividade. Ao oferecer um serviço como este a instituição demonstra responsabilidade social com os trabalhadores de sua “Casa” e estes poderão demonstrar o mesmo com suas comunidades.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

O que é bullying?

No mês passado postei um texto sobre bullying na escola. Como recebi alguns comentários e vejo que é uma questão relevante quero falar mais sobre o tema. Bullying é uma palavra inglesa usada no Brasil por não haver, em português, um termo que expresse o fenômeno: colocar apelidos, ofender, zoar, gozar, encarnar, sacanear, humilhar, fazer sofrer, discriminar, excluir, isolar, ignorar, intimidar, perseguir, assediar, aterrorizar, amedrontar, tiranizar, dominar, agredir, bater, chutar, empurrar, ferir, roubar pertences. Às vezes seu filho, ou você, pratica ou é vítima de bullying e não está ciente do fato. Quando acontece há necessidade de diálogo com a escola e os agressores. Culpar não faz avançar na solução do problema, revidar menos ainda. Uma internalta contou que sua filha vem sofrendo bullying na escola. Eu disse a ela: “Penso que em casa você deve deixar claro que sua filha é protegida pela família, ela se sentirá mais segura. Em geral, as vítimas do bullying são pessoas mais frágeis, tímidas, e que demonstram medo. Você pode ajudá-la a ter outra postura diante dos agressores. Se possível, matricule-a em algum esporte ou luta. Não para que ela agrida, jamais! Mas para que ela se sinta confiante, com menos medo. Quando for buscá-la na escola seja firme, encare os agressores, reveze com o pai dela ou uma figura masculina. Procure uma orientação, o psicólogo da escola ou particular. Mudar de escola deve ser a última opção, pois o problema pode se repetir, o que será péssimo para a saúde psíquica de todos, ficará um sentimento de fracasso”.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Sentimentos engaiolados

O tema da TC desta semana foi forte: “Meu filho está preso...não sei dizer como me sinto”. Era a primeira vez que M participava do grupo. Durante a dinâmica (do ursinho, postada anteriormente) ela começou a chorar. Na contextualização, momento em que todos ouvem a pessoa cujo tema foi escolhido, M. não chorou, contou sua história e teve muita dificuldade para falar como se sentia após ter lutado 5 anos com o filho drogado e por fim vê-lo preso, por assalto. Ela estava focada, apenas, em narrar sua história. “Ele vendeu tudo da casa...ele me ameaçava...os bandidos estavam na minha porta”. Nosso trabalho se deu na intenção de que ela pudesse nomear seus sentimentos. Eu pedi ajuda ao grupo: como você se sentiria nesta situação? As respostas foram: triste, decepcionada, infeliz, desamparada, sozinha, sem apoio e revoltada. Voltei para M. e ela disse que se sentia sozinha. Perguntei: por que você se sente sozinha? Para responder esta pergunta ela teve que identificar seus sentimentos. Ela saiu do contexto, dos fatos, e voltou-se para si. Ao final da roda ela disse: “Eu nunca estive num lugar como esse, foi bom!”
Algumas vezes nossos sentimentos ficam presos e precisamos de uma luz para clareá-los. A Terapia Comunitária ajuda a iluminar e libertar os sentimentos.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Sugestão de dinâmica

Na última roda de TC realizamos uma dinâmica que considero bem sucedida. Todos participaram, falaram, tocaram no colega, foram tocados e se expressaram. É simples, mas surtiu um grande efeito para o momento da partilha dos problemas no grupo. Levei dentro de uma caixa de presente um ursinho de pelúcia. Disse que havia trazido uma coisa para compartilhar com eles. Quando abri uns ficaram desconfiados, outras suspiraram: Hum! Que lindinho! Demos um nome pra ele, o ursinho: Raian. Orientei que o ursinho fosse passado de mão em mão e que, na sua vez, todos deveriam expressar alguma forma de afeto, carinho pro Raian (nome do netinho de uma participante do grupo). Havia 30 participantes, todos tocaram, abraçaram, beijaram, elogiaram, acariciaram o Raian. Quando ele retornou a minhas mãos novamente todos ficamos em pé e orientei: você terá que ter com o seu colega da direita a mesma demonstração de afeto que teve com o Raian. Foi uma graça! Teve gente apertando a bochecha do colega, elogiando os olhos, a maciez (você é tão fofinho!). Foi uma oportunidade para todos se expressarem de uma forma bem lúdica. Ao final fizemos uma breve avaliação da dinâmica: “é difícil falar dos meus sentimentos, hoje quando eu chegar em casa vou falar pro meu marido o quanto eu gosto dele”.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Refletindo na TC sobre o que Yalon ensina (postagem anterior)

Na TC os participantes aprendem uns com os outros. Quando um participante supera a forma como se percebe nos relacionamentos sociais mais amplos, quando consegue reproduzir fora do grupo os vínculos que experienciou na TC ele compartilha com o grupo. Quando um participante narra, na roda, uma experiência diferente de estabelecimento de novos vínculos sociais ele traz esperança e confiança para os demais (esperança). Ao ouvir a experiência de sucesso de um participante, os demais passam a acreditar que são capazes de viver, por si mesmos, novas relações sociais. O aprendizado interpessoal pode levar inicialmente a imitação de comportamentos. A imitação também começa na TC, pessoas que antes não falavam de seus problemas por se acharem únicos descobrem que outros passam por situações semelhantes, o que traz um alívio. Em seguida começam a falar de seus problemas, por que sabem que não são os únicos que sofrem (universalidade). O participante que compartilhou sua experiência se sentirá útil, sentirá que contribuiu com o crescimento dos outros, após ver que eles também desenvolveram novas habilidades sociais. Sentir-se útil é essencial para o desenvolvimento psíquico e social deste e de todos os participantes que contribuem na roda (altuísmo).

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Psicoterapia de Grupo: teoria e prática (Irvin Yalon)

Neste capítulo Yalon divide a experiência terapêutica em 11 fatores primários e discute os primeiros sete: Instilação de esperança é importante que terapeuta e paciente tenham expectativas semelhantes quanto ao grupo. Ter uma postura positiva diante das questões trazidas é essencial, assim todos começam a compartilhar tais expectativas de sucesso. A universalidade é quando o paciente descobre que não é único no seu problema, que outros compartilham ou já compartilharam da sua dor. Este aspecto é importante fonte de alívio no início da terapia.
Compartilhar informações: o terapeuta tem uma postura didática para com o grupo, os participantes, no início do grupo, querem dar conselhos, mas com o tempo descobrem que simplesmente podem aprender uns com os outros. O altruísmo é importante porque as pessoas precisam sentir que são úteis na vida dos outros, é um componente para a cura. Recapitulação corretiva do grupo familiar primário: os grupos de terapia se parecem muito com uma família, nas relações e papéis que cada um ocupa. O paciente manifesta, no grupo, os comportamentos que normalmente exerce na família. Ali ele aprende a reconhecer tais comportamentos e a modificá-los no seu dia-a-dia. O desenvolvimento de técnicas de socialização acontece de forma semelhante, inicialmente por imitação depois que o indivíduo saiu da inércia ele descobre, sozinho, novas formas de socialização.
Yalon, Irvin D., (2006). Os fatores terapêuticos. In: Psicoterapia de Grupo: teoria e prática. Porto Alegre: Artmed. Capítulo 1

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Descobri que sou mais corajosa do que pensava

A TC da semana passada com o grupo no trabalho foi novamente sobre a greve. Antes os participantes deste grupo de TC iriam realizar a greve, agora eles estavam avaliando a greve. Conseguiram um pequeno aumento de salário e um maior no ticket alimentação. Varias pessoas falaram sobre como se sentiram na semana da greve. Apenas os trabalhadores que participaram da greve contaram suas experiências: “aprendi a lutar contra o medo”; “descobri que sou mais corajosa do que pensava”; “aprendi que a união, realmente, faz a força”. Percebeu-se que eles estavam muito orgulhosos e comprometidos uns com os outros, a TC foi uma oportunidade para que cada um pudesse avaliar a si mesmo e refletir sobre as conseqüências de suas ações ou omissões.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Bullyings na escola

A TC com os meninos adolescentes teve como tema os conflitos escolares. Um garoto contou que brigou com a professora, "gorda e chata". Por isso foi expulso da sala de aula. Outro contou que teve todas as notas a baixo da média. Um terceiro disse que se meteu numa encrenca daquelas: "bati num moleque, quebrei o braço dele". Num primeiro momento ouvimos os três. Em seguida lançamos o mote: Quem já passou por dificuldades na escola e como superou? Após algumas falas, passamos a focar nas formas de violência na escola. Quem já passou por dificuldades com violência na escola e como superou? Como controlar a agressividade? Vários garotos responderam ao mote com dicas como: Contar até 10 antes de agir, sair de perto do provocador, não provocar, pensar nas consequências (você pode ir pra uma instituição, ou ficar conhecido como o garoto briguento da escola). Alguém contou que nunca brigou na escola. Concluímos que é difícil controlar a raiva, mas que é possível. O garoto que agrediu disse que vai evitar brigas, porque não quer envergonhar a sua mãe.
Sugestão de links: http://www.youtube.com/watch?v=uMwOexrV6fM (vídeo de Albert Bandura)
Bibliografia sugerida: Fante, Cleo; Pedra, J. Augusto. Bullying escolar: perguntas e respostas. Porto Alegre. Artmed, 2008.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

TC com tema preestabelicido

Quando a TC é constante em um local e os participantes são sempre os mesmo há a necessidade de inovar algumas vezes, para manter a motivação e estimular a participação e interesse. Todo mês escolho um dia, preferencialmente próximo a uma data comemorativa e faço uma roda diferente.
Nesta semana comemoramos os 50 anos de Brasília. Trouxe como mote a seguinte pergunta: O que Brasília representa para a história de sua família? As histórias foram muitas. "Brasília foi uma oportunidade na minha vida"..."Minha mãe se libertou da violência de meu pai vindo pra cá"..."Eu odeio Brasília...Vim pra cá pequena e minha mãe foi embora...meu pai criou os três filhos sozinho".
Nesta roda os participantes tiveram a oportunidade de resgatar e reconhecer as competências de suas famílias. Relembraram que são capazes de transformar a dor em amor. Por exemplo: a mãe, que abandonou a família, retornou após 25 anos, a única que lhe estendeu a mão foi esta jovem que nos contou sua história. Hoje a mãe mora na casa da filha.

Sofrimento do Trabalhador na TC

Na Terapia do dia 15, com o grupo de terceirizados da área de limpeza, convidei um terapeuta corporal para conduzir a dinâmica, foi um sucesso, todos gostaram e se sentiram muito relaxados. O tema sobre a greve foi escolhido quase que por unanimidade. Eles estavam muito ansiosos sobre as condições em que fariam a greve. Alguns com medo de serem demitidos, outros resignados a realizar a greve a qualquer preço. Quem apresentou o tema estava decidido a participar da greve e incomodado com a dúvida dos outros. Uma terapia no ambiente de trabalho com um tema como este deve ser conduzida com muito cuidado. O terapeuta não pode posicionar-se de forma que tome partido, também, penso eu, não pode se omitir. Cada pessoa pensa de uma forma e deve ser respeitada na TC, inclusive a terapeuta. As falas foram de confronto entre os que queriam que todos fizessem greve e os outros que ficaram se justificando:"tenho que pagar contas no fim do mês, sou sozinha!" Conduzir uma roda em que o conflito é latente e as discussões iminentes, não é fácil, mas possível. Para isso o terapeuta deve ser respeitoso e intervir sempre que perceber que o conflito pode vir a tona de forma intolerante. Como resultado todos aprendemos que podemos conviver com a diferença e que juntos podemos lutar por nossos direitos.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Responsabilidade Social Começa em Casa

Quando falamos em responsabilidade social pensamos em cuidar do planeta, reciclar o lixo ou ceder o espaço físico da empresa para a comunidade. Uma experiência de responsabilidade social inovadora é a Terapia Comunitária no ambiente de trabalho. Neste grupo percebeu-se que os participantes redescobriram seus potenciais e competências, o que resultou na melhora da auto-estima dos participantes e busca por melhor qualificação. Na TC os trabalhadores compartilham estratégias para conviver melhor com a família, os colegas, o trabalho e a chefia, pois alguns problemas de relacionamento são trazidos para o grupo. Como resultado percebe-se melhoria na comunicação e aumento do sentimento de união. A empresa não pode ignorar a necessidade que o ser humano tem de verbalizar, de compartilhar e socializar-se. Por aplica-se a qualquer grupo de pessoas a TC pode ser implementada em todos os níveis hierárquicos da empresa, visto que todos necessitam de um espaço para falar. Na TC um aprende com a experiência do outro, o que favorece o acerto. Como, por exemplo: ao ver que um colega ficou doente porque não cuidou de sua saúde no trabalho o outro participante passa a fazer da ginástica laboral uma rotina diária, diminuindo a incidência de doenças ocupacionais. A instituição que se dispuser a desenvolver um grupo de TC com seus empregados e colaboradores perceberá aumento da integração entre eles; melhoria na comunicação entre os trabalhadores e a instituição; crescimento da motivação e maior busca por qualificação; satisfação com o ambiente de trabalho e maior qualidade de vida e saúde no trabalho. Está comprovado que pessoas que falam sobre seus sentimentos como raiva, mágoa e dificuldade em perdoar possuem mais saúde que pessoas que guardam tudo para si. Nosso trabalho indica que os órgãos e empresas que demonstram um compromisso social com o trabalhador, no nosso caso o terceirizado, colhem frutos. Valorizar empregados e colaboradores, comprometendo-se com a qualidade de vida dos trabalhadores, é uma das diretrizes para a empresa tornar-se socialmente responsável.

A cura de Schopenhauer (final da resenha)

Os seis meses de sessão, antes combinado, parece não ter efeito sobre Philip, que continua aparentemente intocável. Dr. Julius se questiona se de fato quer ajudar o paciente ou quer ver a mudança por vaidade. Mas Philip pede para continuar até à última sessão do grupo e começa a interagir com o grupo: fala, incomoda-se, pensa sobre o que foi trabalhado no grupo durante a semana e começa a se envolver e emocionar-se com as discussões no grupo. Tais comportamentos vão contra a sua filosofia de vida que Philip adota (a de Schopenhauer). Philip percebe que precisa descobrir suas próprias respostas, que a máxima Schopenhaueriana de que “viver é dor e tédio” não vale para todos. O livro chega ao ápice na penúltima sessão este trecho é narrado de uma forma brilhante que emociona o leitor, levando-o a descobrir que muito do que Schopenhauer escreveu é uma verdade universal: “a vida pode ser comparada a um bordado que no começo da vida vemos pelo lado direito e, no final, pelo avesso. O avesso não é tão bonito, mas é mais esclarecedor, pois deixa ver como são dados os pontos”. Vários trechos levam o leitor a refletir sobre a questão ética no trabalho de um terapeuta. Seria correto usar a filosofia como recurso para aconselhamento terapêutico? Como as sessões seriam conduzidas? Que técnicas seriam usadas? O terapeuta poderia ser apenas um filósofo como Philip ou deveria conhecer técnicas psicoterápicas? Será que alguém como Philip estaria apto a atender pessoas e a ajudá-las? É muito provável que alguém que optou por não se relacionar com outras pessoas não consiga ajudar um outro em suas dificuldades, visto que a maioria das dificuldades humanas decorre da interação com o outro. Por outro lado possuir habilidade para lidar com o paciente não é suficiente para caracterizar um terapeuta. A motivação para exercer tal profissão é essencial nesta profissão. Além da qualificação e da facilidade em interagir com o paciente o profissional deve querer ajudar. Mesmo que existam outras causas como a vaidade ou orgulho do Dr. Julius não o desqualificam como terapeuta, antes mostra sua humanidade. Nada do que fazemos possui uma única motivação. Sempre há interesses secundários norteando nossas ações. Todo curioso em conhecer a alma humana e fãs das terapias de grupo tem a obrigação de viajar pelas páginas deste livro.

domingo, 11 de abril de 2010

Minha filha de 14 anos está namorando

Esta semana o grupo com os terceirizados trouxe um tema familiar. Uma participante conta que perde o sono ao lembrar que a filha de 14 anos está namorando. Fomos ao cinema, e ao terminar o filme eu chorarava muito, mas não era pelo filme era por ter visto minha filha beijando na boca.
Outra participante narrou sua história: a filha de 19 anos começou a namorar e logo estava grávida. Ela disse: Sofri muito, chorei uns 3 dias. Hoje, quando chego em casa, uma benção vem me receber na porta, me chamando de vovó!
A reflexão girou em torno de que temos medo de perder pessoas que são dependentes de nós. Outra questão que veio a baila foi o fato e a filha já ter um corpo de mulher, ser desejada e a mãe estar sozinha, sem um companheiro. Fechamos com a conclusão de que tudo na vida passa, que envelhecemos e cada etapa da vida é bela, difícil são as transições. Como por exemplo deixar de ver a filha como criança para vê-la como mulher.
Sugestão de livro: ZALCBERG, Malvine. A Relação mãe e filha. Ed. Campus. 2002.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

A cura de Schopenhauer (continuação)

Resenha do livro de Yalon
O grupo é composto por três mulheres e três homens. Uma das integrantes foi aluna de Philip, e uma de suas presas sexuais no passado. Ela o insulta sempre que possível. No início Philip só fala quando questionado, e sempre citando Schopenhauer. Tanto Philip quanto Schopenhauer são muito parecidos. Ambos viviam sós, almoçavam sós e não encontravam ninguém a sua altura para se relacionarem. Schopenhauer sofria de depressão crônica e segundo historiadores morreu com sífilis. Schopenhauer escreveu que “depois do amor à vida, o sexo é a maior e mais ativa força e ocupa quase todas as vontades e pensamentos da porção mais jovem da humanidade. Ele é a meta final de praticamente todos os esforços humanos. Exerce uma influência desfavorável nos assuntos mais importantes, interrompendo a toda hora as ocupações mais sérias, e às vezes inquieta por algum tempo as maiores mentes humanas... o sexo é realmente o alvo invisível de toda a ação e conduta e surge em toda parte, apesar dos panos que são jogados em cima dele, motivo de guerra e objeto de paz”. Uma das grandes revelações do livro é a afirmação de que Freud era um Schopenhauriano nas suas afirmações sobre o sexo. O que Freud chamou de energia ou pulsão é parecido com o que Schopenhauer chama de vontade, que é a busca pela satisfação ou felicidade, quando algo parece saciar-nos imediatamente surge outro vazio, outra necessidade. Assim há uma eterna busca pelo prazer. Para Schopenhauer ninguém pode ser feliz. Todo ser humano passa a vida buscando algo, pensando que vai fazê-lo feliz mas nunca alcança, e, quando alcança se desaponta, descobre que o que buscava não saciava a busca, que é eterna. “...a vida não é senão o momento presente, que está sempre sumindo...”

sábado, 3 de abril de 2010

Sugestão de dinâmica

Cada dinâmica deve ser realizada num contexto específico, a dica de hoje é para ser desenvolvida com um grupo que já se conhece, com encontros constantes. Formam-se pequenos grupos de 8 a 10 pessoas. Todos devem estar bem próximos, de ombro a ombro, em um círculo. Escolhe-se uma pessoa para ir ao centro. Esta pessoa deve fechar os olhos (com uma venda ou não), deve ficar com o corpo totalmente rígido, como se tivesse hipnotizada. As mãos ao longo do corpo tocando as coxas lateralmente, pés pra frente, tronco reto. Todo o corpo fazendo uma linha reta com a cabeça. Ao sinal, o participante do centro deve soltar seu corpo completamente, de maneira que caia, confiando nos outros participantes. Os colegas devem empurrar o "joão bobo" de volta para o centro, com as palmas das mãos. Como o corpo vai estar reto e tenso sempre perderá o equilíbrio e penderá ora para um lado, ora para outro. O movimento é repetido por alguns segundos e todos podem participar indo ao centro. Se o grupo for muito grande deve-se fazer duas ou mais rodas.

RESENHA A cura de Schopenhauer

O livro narra a história de um psicanalista, Dr. Julius Hertzfeld, que aos 65 anos descobre que está com um câncer de pele, poderá viver no máximo mais um ano. Após o choque, ele inicia um processo de auto-avaliação. Questiona se seu trabalho foi útil para alguém ou se todos os pacientes que teve alcançariam, em algum momento da vida, a cura sem a sua ajuda. Começa a olhar anotações de antigos pacientes. Fica curioso com o caso de Philip Slate, seu paciente por três anos.

Philip era um químico, dominado por impulsos sexuais, chegava a transar com três mulheres numa noite, na tentativa, em vão, de se satisfazer. Após vinte anos sem saber como Philip estava, Dr. Julius resolve procurá-lo. A surpresa foi enorme: Philip estava “curado” e formado em aconselhamento filosófico. Philip diz que o método do Dr. Julius não o havia ajudado em nada, mas que Schopenhauer o havia curado. Para iniciar os atendimentos de orientação filosófica Philip necessita ser acompanhado por um profissional da área de aconselhamento. Assim, propõe ao Dr. Julius que seja seu supervisor, em troca ele daria aulas sobre como Schopenhauer pode ajudar uma pessoa. Dr. Julius aceita na condição de que Philip freqüente durante seis meses as sessões semanais de terapia de grupo. Apesar de não gostar da idéia de ter que se relacionar semanalmente com um grupo de pessoas, ele não convive nem transa com ninguém há vinte anos Philip concorda, desde que as sessões valham como supervisão. Dr. Julius não considera ético que sessões de terapia sejam contada como horas de supervisão de atendimento de um iniciante, ele sempre foi extremamente ético em sua vida profissão. Mas agora no final da vida abriu uma exceção, afinal corrigir o que ele considera uma falha, não ter ajudado Philip no passado, era mais importante.

Continua...

YALOM, IRVIN D. (2005). A cura de Schopenhauer. Rio de Janeiro: Ediouro.