quarta-feira, 28 de abril de 2010

TC com tema preestabelicido

Quando a TC é constante em um local e os participantes são sempre os mesmo há a necessidade de inovar algumas vezes, para manter a motivação e estimular a participação e interesse. Todo mês escolho um dia, preferencialmente próximo a uma data comemorativa e faço uma roda diferente.
Nesta semana comemoramos os 50 anos de Brasília. Trouxe como mote a seguinte pergunta: O que Brasília representa para a história de sua família? As histórias foram muitas. "Brasília foi uma oportunidade na minha vida"..."Minha mãe se libertou da violência de meu pai vindo pra cá"..."Eu odeio Brasília...Vim pra cá pequena e minha mãe foi embora...meu pai criou os três filhos sozinho".
Nesta roda os participantes tiveram a oportunidade de resgatar e reconhecer as competências de suas famílias. Relembraram que são capazes de transformar a dor em amor. Por exemplo: a mãe, que abandonou a família, retornou após 25 anos, a única que lhe estendeu a mão foi esta jovem que nos contou sua história. Hoje a mãe mora na casa da filha.

Sofrimento do Trabalhador na TC

Na Terapia do dia 15, com o grupo de terceirizados da área de limpeza, convidei um terapeuta corporal para conduzir a dinâmica, foi um sucesso, todos gostaram e se sentiram muito relaxados. O tema sobre a greve foi escolhido quase que por unanimidade. Eles estavam muito ansiosos sobre as condições em que fariam a greve. Alguns com medo de serem demitidos, outros resignados a realizar a greve a qualquer preço. Quem apresentou o tema estava decidido a participar da greve e incomodado com a dúvida dos outros. Uma terapia no ambiente de trabalho com um tema como este deve ser conduzida com muito cuidado. O terapeuta não pode posicionar-se de forma que tome partido, também, penso eu, não pode se omitir. Cada pessoa pensa de uma forma e deve ser respeitada na TC, inclusive a terapeuta. As falas foram de confronto entre os que queriam que todos fizessem greve e os outros que ficaram se justificando:"tenho que pagar contas no fim do mês, sou sozinha!" Conduzir uma roda em que o conflito é latente e as discussões iminentes, não é fácil, mas possível. Para isso o terapeuta deve ser respeitoso e intervir sempre que perceber que o conflito pode vir a tona de forma intolerante. Como resultado todos aprendemos que podemos conviver com a diferença e que juntos podemos lutar por nossos direitos.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Responsabilidade Social Começa em Casa

Quando falamos em responsabilidade social pensamos em cuidar do planeta, reciclar o lixo ou ceder o espaço físico da empresa para a comunidade. Uma experiência de responsabilidade social inovadora é a Terapia Comunitária no ambiente de trabalho. Neste grupo percebeu-se que os participantes redescobriram seus potenciais e competências, o que resultou na melhora da auto-estima dos participantes e busca por melhor qualificação. Na TC os trabalhadores compartilham estratégias para conviver melhor com a família, os colegas, o trabalho e a chefia, pois alguns problemas de relacionamento são trazidos para o grupo. Como resultado percebe-se melhoria na comunicação e aumento do sentimento de união. A empresa não pode ignorar a necessidade que o ser humano tem de verbalizar, de compartilhar e socializar-se. Por aplica-se a qualquer grupo de pessoas a TC pode ser implementada em todos os níveis hierárquicos da empresa, visto que todos necessitam de um espaço para falar. Na TC um aprende com a experiência do outro, o que favorece o acerto. Como, por exemplo: ao ver que um colega ficou doente porque não cuidou de sua saúde no trabalho o outro participante passa a fazer da ginástica laboral uma rotina diária, diminuindo a incidência de doenças ocupacionais. A instituição que se dispuser a desenvolver um grupo de TC com seus empregados e colaboradores perceberá aumento da integração entre eles; melhoria na comunicação entre os trabalhadores e a instituição; crescimento da motivação e maior busca por qualificação; satisfação com o ambiente de trabalho e maior qualidade de vida e saúde no trabalho. Está comprovado que pessoas que falam sobre seus sentimentos como raiva, mágoa e dificuldade em perdoar possuem mais saúde que pessoas que guardam tudo para si. Nosso trabalho indica que os órgãos e empresas que demonstram um compromisso social com o trabalhador, no nosso caso o terceirizado, colhem frutos. Valorizar empregados e colaboradores, comprometendo-se com a qualidade de vida dos trabalhadores, é uma das diretrizes para a empresa tornar-se socialmente responsável.

A cura de Schopenhauer (final da resenha)

Os seis meses de sessão, antes combinado, parece não ter efeito sobre Philip, que continua aparentemente intocável. Dr. Julius se questiona se de fato quer ajudar o paciente ou quer ver a mudança por vaidade. Mas Philip pede para continuar até à última sessão do grupo e começa a interagir com o grupo: fala, incomoda-se, pensa sobre o que foi trabalhado no grupo durante a semana e começa a se envolver e emocionar-se com as discussões no grupo. Tais comportamentos vão contra a sua filosofia de vida que Philip adota (a de Schopenhauer). Philip percebe que precisa descobrir suas próprias respostas, que a máxima Schopenhaueriana de que “viver é dor e tédio” não vale para todos. O livro chega ao ápice na penúltima sessão este trecho é narrado de uma forma brilhante que emociona o leitor, levando-o a descobrir que muito do que Schopenhauer escreveu é uma verdade universal: “a vida pode ser comparada a um bordado que no começo da vida vemos pelo lado direito e, no final, pelo avesso. O avesso não é tão bonito, mas é mais esclarecedor, pois deixa ver como são dados os pontos”. Vários trechos levam o leitor a refletir sobre a questão ética no trabalho de um terapeuta. Seria correto usar a filosofia como recurso para aconselhamento terapêutico? Como as sessões seriam conduzidas? Que técnicas seriam usadas? O terapeuta poderia ser apenas um filósofo como Philip ou deveria conhecer técnicas psicoterápicas? Será que alguém como Philip estaria apto a atender pessoas e a ajudá-las? É muito provável que alguém que optou por não se relacionar com outras pessoas não consiga ajudar um outro em suas dificuldades, visto que a maioria das dificuldades humanas decorre da interação com o outro. Por outro lado possuir habilidade para lidar com o paciente não é suficiente para caracterizar um terapeuta. A motivação para exercer tal profissão é essencial nesta profissão. Além da qualificação e da facilidade em interagir com o paciente o profissional deve querer ajudar. Mesmo que existam outras causas como a vaidade ou orgulho do Dr. Julius não o desqualificam como terapeuta, antes mostra sua humanidade. Nada do que fazemos possui uma única motivação. Sempre há interesses secundários norteando nossas ações. Todo curioso em conhecer a alma humana e fãs das terapias de grupo tem a obrigação de viajar pelas páginas deste livro.

domingo, 11 de abril de 2010

Minha filha de 14 anos está namorando

Esta semana o grupo com os terceirizados trouxe um tema familiar. Uma participante conta que perde o sono ao lembrar que a filha de 14 anos está namorando. Fomos ao cinema, e ao terminar o filme eu chorarava muito, mas não era pelo filme era por ter visto minha filha beijando na boca.
Outra participante narrou sua história: a filha de 19 anos começou a namorar e logo estava grávida. Ela disse: Sofri muito, chorei uns 3 dias. Hoje, quando chego em casa, uma benção vem me receber na porta, me chamando de vovó!
A reflexão girou em torno de que temos medo de perder pessoas que são dependentes de nós. Outra questão que veio a baila foi o fato e a filha já ter um corpo de mulher, ser desejada e a mãe estar sozinha, sem um companheiro. Fechamos com a conclusão de que tudo na vida passa, que envelhecemos e cada etapa da vida é bela, difícil são as transições. Como por exemplo deixar de ver a filha como criança para vê-la como mulher.
Sugestão de livro: ZALCBERG, Malvine. A Relação mãe e filha. Ed. Campus. 2002.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

A cura de Schopenhauer (continuação)

Resenha do livro de Yalon
O grupo é composto por três mulheres e três homens. Uma das integrantes foi aluna de Philip, e uma de suas presas sexuais no passado. Ela o insulta sempre que possível. No início Philip só fala quando questionado, e sempre citando Schopenhauer. Tanto Philip quanto Schopenhauer são muito parecidos. Ambos viviam sós, almoçavam sós e não encontravam ninguém a sua altura para se relacionarem. Schopenhauer sofria de depressão crônica e segundo historiadores morreu com sífilis. Schopenhauer escreveu que “depois do amor à vida, o sexo é a maior e mais ativa força e ocupa quase todas as vontades e pensamentos da porção mais jovem da humanidade. Ele é a meta final de praticamente todos os esforços humanos. Exerce uma influência desfavorável nos assuntos mais importantes, interrompendo a toda hora as ocupações mais sérias, e às vezes inquieta por algum tempo as maiores mentes humanas... o sexo é realmente o alvo invisível de toda a ação e conduta e surge em toda parte, apesar dos panos que são jogados em cima dele, motivo de guerra e objeto de paz”. Uma das grandes revelações do livro é a afirmação de que Freud era um Schopenhauriano nas suas afirmações sobre o sexo. O que Freud chamou de energia ou pulsão é parecido com o que Schopenhauer chama de vontade, que é a busca pela satisfação ou felicidade, quando algo parece saciar-nos imediatamente surge outro vazio, outra necessidade. Assim há uma eterna busca pelo prazer. Para Schopenhauer ninguém pode ser feliz. Todo ser humano passa a vida buscando algo, pensando que vai fazê-lo feliz mas nunca alcança, e, quando alcança se desaponta, descobre que o que buscava não saciava a busca, que é eterna. “...a vida não é senão o momento presente, que está sempre sumindo...”

sábado, 3 de abril de 2010

Sugestão de dinâmica

Cada dinâmica deve ser realizada num contexto específico, a dica de hoje é para ser desenvolvida com um grupo que já se conhece, com encontros constantes. Formam-se pequenos grupos de 8 a 10 pessoas. Todos devem estar bem próximos, de ombro a ombro, em um círculo. Escolhe-se uma pessoa para ir ao centro. Esta pessoa deve fechar os olhos (com uma venda ou não), deve ficar com o corpo totalmente rígido, como se tivesse hipnotizada. As mãos ao longo do corpo tocando as coxas lateralmente, pés pra frente, tronco reto. Todo o corpo fazendo uma linha reta com a cabeça. Ao sinal, o participante do centro deve soltar seu corpo completamente, de maneira que caia, confiando nos outros participantes. Os colegas devem empurrar o "joão bobo" de volta para o centro, com as palmas das mãos. Como o corpo vai estar reto e tenso sempre perderá o equilíbrio e penderá ora para um lado, ora para outro. O movimento é repetido por alguns segundos e todos podem participar indo ao centro. Se o grupo for muito grande deve-se fazer duas ou mais rodas.

RESENHA A cura de Schopenhauer

O livro narra a história de um psicanalista, Dr. Julius Hertzfeld, que aos 65 anos descobre que está com um câncer de pele, poderá viver no máximo mais um ano. Após o choque, ele inicia um processo de auto-avaliação. Questiona se seu trabalho foi útil para alguém ou se todos os pacientes que teve alcançariam, em algum momento da vida, a cura sem a sua ajuda. Começa a olhar anotações de antigos pacientes. Fica curioso com o caso de Philip Slate, seu paciente por três anos.

Philip era um químico, dominado por impulsos sexuais, chegava a transar com três mulheres numa noite, na tentativa, em vão, de se satisfazer. Após vinte anos sem saber como Philip estava, Dr. Julius resolve procurá-lo. A surpresa foi enorme: Philip estava “curado” e formado em aconselhamento filosófico. Philip diz que o método do Dr. Julius não o havia ajudado em nada, mas que Schopenhauer o havia curado. Para iniciar os atendimentos de orientação filosófica Philip necessita ser acompanhado por um profissional da área de aconselhamento. Assim, propõe ao Dr. Julius que seja seu supervisor, em troca ele daria aulas sobre como Schopenhauer pode ajudar uma pessoa. Dr. Julius aceita na condição de que Philip freqüente durante seis meses as sessões semanais de terapia de grupo. Apesar de não gostar da idéia de ter que se relacionar semanalmente com um grupo de pessoas, ele não convive nem transa com ninguém há vinte anos Philip concorda, desde que as sessões valham como supervisão. Dr. Julius não considera ético que sessões de terapia sejam contada como horas de supervisão de atendimento de um iniciante, ele sempre foi extremamente ético em sua vida profissão. Mas agora no final da vida abriu uma exceção, afinal corrigir o que ele considera uma falha, não ter ajudado Philip no passado, era mais importante.

Continua...

YALOM, IRVIN D. (2005). A cura de Schopenhauer. Rio de Janeiro: Ediouro.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

A arte de perguntar na Terapia Comunitária

Por Roberto Faustino de Paula

Cada pergunta formulada pelo terapeuta possui alguma intenção e alguma hipótese a ser testada. Estrategicamente falando, o terapeuta pode estar imbuído de diferentes intenções, ao fazer os quatro tipos de perguntas seguintes: 1. Perguntas lineares (caráter investigativo) 2. Perguntas circulares (caráter exploratório e de curiosidade) 3. Perguntas estratégicas (efeito corretivo) 4. Perguntas reflexivas (desencadeiam uma atitude reflexiva acerca dos sistemas de crença preexistentes na família, pressupondo que seus integrantes são seres autônomos e não podem ser instruídos diretamente) Cada uma dessas perguntas, com as respectivas intenções acima descritas, tende a provocar diferentes efeitos seja nos pacientes como nos terapeutas.