segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

A TC como formadora de novos padrões vinculares (parte 1)

Incluir socialmente um indivíduo ou uma classe social parece ser tarefa do Estado. Porém, acreditamos que nós como cidadãos podemos e devemos colaborar com o desenvolvimento psicoafetivo e social do nosso próximo. Os jovens deste grupo e de muitos outros espalhados pelo Brasil sentem falta de apoio social, estão expostos à violência e outros estressores, não têm muita perspectiva de futuro. Tudo isso porque a ausência da figura de apego por trocas de cuidadores, associadas a perdas e separações precoces geram um sentimento de desamparo e impotência. Ninguém escolhe a família, o bairro ou o país onde nascer nenhum ser humano escolhe ser um excluído, viver à margem da sociedade e não ter acesso à educação superior. A exclusão “ao mesmo tempo em que molda a subjetividade do indivíduo, caracterizando-o muitas vezes como um ser que não pode criar, mas que deve repetir, esvazia-o das condições que o possibilitariam transcender uma compreensão imediata e estática da realidade” (Costa, 2004). Na TCI descobrimos que o desamparo, através do abandono e da exclusão, pode ser transformado pela capacidade de resiliência do participante, que é revelada e desenvolvida no grupo. É possível transcender a moldura imposta à subjetividade, a partir do momento em que o indivíduo tem compreensão da sua condição social, tem oportunidade de refletir sobre si e conhecer novas possibilidades de interação social. De alguma forma, por mínima que seja, podemos fazer algumas escolhas na vida. Se o excluído tiver alguma oportunidade de escolha ele viverá de uma forma distinta da que lhe fora determinada no “berço”, no mínimo mais consciente. Uma ação terapêutica grupal, como a Terapia Comunitária pode ser uma via que possibilita a inclusão social. Sentir-se incluído, aceito e valorizado na família viabiliza a inserção em outros grupos da sociedade. Quando a família falha há a possibilidade de ser aceito na escola e se esta também se mostra ineficaz os “amigos”, através das gangues ou o uso de drogas, certamente, preencheram esta falta. Jovens que não estabeleceram uma quantidade razoável de vínculos seguros podem encontrar na TC a oportunidade de novos padrões de vínculos saudáveis.

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