domingo, 30 de janeiro de 2011

TERAPIA DO ELOGIO por Arthur Nogueira (Psicólogo)

Renomados terapeutas que trabalham com famílias, divulgaram uma recente pesquisa onde se nota que os membros das famílias brasileiras estão cada vez mais frios, não existe mais carinho, não se valoriza mais as qualidades, só se ouve críticas. As pessoas estão cada vez mais intolerantes e se desgastam valorizando os defeitos dos outros. Por isso, os relacionamentos de hoje não duram. A ausência de elogio está cada vez mais presente nas famílias de média e alta renda. Não vemos mais homens elogiando suas mulheres ou vice-versa, não vemos chefes elogiando o trabalho de seus subordinados, não vemos mais pais e filhos se elogiando, amigos que fazem elogios. Só vemos pessoas fúteis valorizando artistas, cantores, pessoas que usam a imagem para ganhar dinheiro e que, por consequência, são pessoas que têm a obrigação de cuidar do corpo, do rosto e sempre se apresentar bem. Essa ausência de elogio tem afetado muito as famílias. A falta de diálogo nos lares, o excesso de orgulho, impedem que as pessoas digam o que sentem, levando assim essa carência para dentro dos consultórios médicos. Acabam com seu casamento porque procuram em outras pessoas o que não conseguem em casa. Vamos valorizar nossas famílias, amigos, alunos, mestres, subordinados. Vamos elogiar o bom profissional, a boa atitude, a ética, a beleza de nossos parceiros ou nossas parceiras, a sinceridade, a lealdade, a confiança, o comportamento de nossos filhos. Vamos observar o que as pessoas gostam. O bom profissional gosta de ser reconhecido, o bom filho gosta de ser reconhecido, o bom pai ou a boa mãe gostam de ser reconhecidos, o bom amigo, a boa dona de casa, a mulher que se cuida, o homem que se cuida, enfim, nós todos vivemos numa sociedade em que um precisa do outro, em que é impossível viver sozinho, e os elogios são a motivação da nossa vida. Quantas pessoas você poderá fazer feliz hoje, elogiando-as de alguma forma? Declarando-lhes amor, agradecendo a companhia, elogiando seu trabalho, sua maneira de ser!

Como será o amanhã?

Todos dizem que o tempo tá passando mais rápido. O ano mal começa e de repente, já acabou. O presente só existe por um breve momento, cadê o presente? Já passou! E o futuro? A Deus pertence? Quando somos jovens e desejos em realizar sonhos somos mobilizados pela pergunta: Como será o meu amanhã? Vou me realizar profissional, afetiva, espiritual e financeiramente? Este foi o tema da nossa roda na semana passada. Um jovem ansioso em relação ao seu futuro. Mas enquanto ele falava e nós o ajudávamos a nomear os seus sentimentos ele descobriu que o que o incomodava naquela tarde era sua vida amorosa. Segundo ele sua namorada não tem a mesma perspectiva de futuro que ele. Então abri para o grupo. Quem já esteve em um relacionamento no qual não via futuro e como superou? Refiz a pergunta várias vezes, como nos orienta Paulo Freire. Se a pessoa não entendeu explique outra vez de um jeito diferente. Algumas participantes compartilharam seus conflitos passados e a forma como superaram os relacionamentos sem futuro para si e para os filhos. Terminamos a roda seguros de que todos vivemos incertezas e momentos difíceis, mas que somos capazes de superá-los quando falamos, refletimos, aprendemos com o outro e nos enchemos de esperança no grupo. São as nossas atitudes hoje que orientam o nosso futuro. É preciso saber onde se quer chegar para saber a vigem que devem os fazer e quem será nossa (o) companheira (o) de jornada.

sábado, 15 de janeiro de 2011

A catástrofe no Rio de Janeiro como tema escolhido numa roda

Nossa roda de Terapia está de volta, em 2011, a todo vapor. Algumas pessoas já me cobraram que eu não tenho postado sobre as rodas que faço. Explico: estávamos em férias. Mas vamos lá. Começamos o ano mal, com a tragédia no Rio de Janeiro. Algo que tem mobilizado até as pessoas menos sensíveis que eu conheço. Na roda de TCI desta semana o tema escolhido foi sobre este triste acontecimento em nosso país, "lindo por natureza"! Quando escolheram este tema eu fiquei com medo de ser um tema muito geral e não alcançar questões pessoais. A participante disse: "sofro ao ver estas pessoas morrendo e desabrigadas e eu não posso fazer nada por elas". Lancei o seguinte mote: "Quem já quis ajudar alguém e não pode? O que sentiu e como superou?" Várias pessoas se manifestaram. Uma contou-nos que o sogro estava na UTI e que ela gostaria de poder fazer algo por ele, mas que não pode. Disse que se sente impotente diante do sofrimento dele. Outro contou como foi difícil ver a mãe sofrendo até morrer e não poder fazer nada, mas que aprendeu a aceitar o que a vida tem a dar, mesmo que seja a morte. Por fim, não chegamos a um consenso, mas uma coisa é certa: a morte. Enquanto ela não chega vamos tentando fazer o nosso melhor na vida.

Ken Robinson: Escolas matam a criatividade? (parte 2/2)

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Algumas reflexões sobre a papel do terapeuta comunitário ( por Nicole Hugon)

A Terapia Comunitária exige da parte do terapeuta comunitário:
  • Um bom domínio da técnica de animação do grupo de TC.
  • Um trabalho pessoal de conscientização e crescimento, sobretudo na percepção de suas próprias pérolas: descoberta de seus recursos e competências adquiridas na superação de suas dificuldades, lhe permitindo confiar na capacidade do outro quando na superação dos obstáculos e na busca de soluções.
  • Um engajamento na comunidade com a qual compartilha o mesmo objetivo de crescimento e melhor qualidade de vida.

Nessas três dimensões é fundamental que o terapeuta caminhe ao lado da comunidade ao invés de uma atitude de cima para baixo. A ética da TC, seu valor fundamental, reside, sem duvida, nas possibilidades da relação horizontal, rompendo com o esquema tradicional da função do cuidador ou expert, onde aquele que sabe deve assumir uma posição vertical sobre aquele que sofre. Para nos, profissionais do cuidado, assumir a horizontalidade exige um esforço consciente sobre si mesmo, sempre renovado, jamais vencido a priori, qualquer que seja nossa boa vontade. Se trata de uma revolução cultural penosa. Ela exige, portanto, contradizer nossa ética profissional quotidiana, que nos propicia a responsabilidade solitária de competência e eficácia. Nosso risco permanente é regredir a posição original sempre que nos sentirmos em dificuldade no seio do grupo, por uma razão ou por outra.

A TC como formadora de novos padrões vinculares (parte 2)



De acordo com Bolwby (1989) as experiências primárias com o cuidador (pais ou responsáveis) iniciam o que depois se generalizará nas expectativas sobre si mesmo, dos outros e do mundo em geral, implicações importantes na personalidade em desenvolvimento. A imagem interna adquirida é considerada a base para todos os relacionamentos íntimos futuros. A pessoa adquire, na infância, um padrão de apego que reproduz ao longo da vida, nos relacionamentos sociais e parentais.
Nos casos de famílias abusivas, a construção da representação mental infantil tende a se dar de forma rígida, mal adaptada, inapropriada. Nesses casos a confiança da criança de que as pessoas podem compreender umas às outras através de seus próprios sentimentos é destruída (Dalbem & Dell’aglio, 2005). O que pode inibir a capacidade de o adolescente de se envolver em relacionamentos de apego mais intenso.
Com o passar do tempo a teoria do apego tomou diversas direções. Aqui nos interessa destacar uma destas vertentes: estudos sobre a ocorrência de eventos ao longo do ciclo da vida que possibilitam a mudança do tipo de apego. A TCI é uma forma de oferecer aos adolescentes e crianças um novo modelo vincular que eles poderão expandir para suas vidas.
Na TCI cremos na capacidade de resiliência do ser humano, a capacidade que possuímos de superar e transformar nossas experiências sofridas. A TCI “é um espaço de promoção da resiliência, pois pela partilha de experiência de vida os indivíduos reforçam a auto-estima, fortalecem os vínculos interpessoais, bem como estimulam a autonomia”. (Barreto, 2005, p. 99/100).Por acreditar no poder da TCI na formação de vínculo nós, terapeutas comunitários, estamos sempre atentos às necessidades do grupo.