domingo, 11 de dezembro de 2011

Equilíbrio na educação dos filhos

Nos últimos meses tenho lido muito Winnicott, um psicanalista inglês que os estuda os bebês e suas mães. Com o conceito de mãe suficientemente boa ele teoriza sobre uma mãe que é capaz de adaptar-se às necessidades do seu bebê. Conforme ele vai adquirindo alguma autonomia a mãe vai se adaptando e dando espaço para que o bebê desenvolva suas potencialidades.
Numa linguagem mais comum eu posso dizer que a mãe suficientemente boa é aquela que confia nas competências de seu filho. Ela diz: hoje eu não posso sair porque ele sentirá minha falta; Dias depois ela dirá: já posso ir para o trabalho porque ele vai suportar a minha ausência. Agora, eu vou ampliar esta relação para além do bebê. Suponhamos um adolescente, com uma razoável autonomia. Se Winnicott estiver certo, na proporção em que o filho conquista mais autonomia nós, mães e pais, deveríamos nos adaptar, cada vez mais a esta autonomia. Ou seja, teríamos que sair de cena. O palco agora é deles e nós ficamos nos bastidores ou no nosso palco particular.
Estou segura de que alcançar tal equilíbrio não é uma tarefa fácil. Mas se formos pais que educaram bem, poderemos confiar na formação que demos a eles. Bons pais são aqueles que deixam de ser necessários aos filhos em algum momento da vida. Se continuarmos em cima, no pé, brigando pra sermos indispensáveis vamos ser inconvenientes e os afastaremos de nós. Na medida em que aumenta a independência diminui a dependência, mas sempre seremos úteis, seremos referência, aconchego, colo disponível para quando eles precisarem.
Um dia eu quero ser apenas referência para meus filhos e netos, sem obrigações, sem dar brocas, castigos, sermões,deveres de casa e preocupações com seus futuros. Eu tenho uma profunda esperança de que isso irá acontecer, sabe por quê? Porque eu os educo, eu os capacito, preparo a bagagem deles para a viagem da vida. No início dá muito trabalho, mas com o tempo eles estarão cada vez mais forte, mais seguros, e precisarão menos de mim. Chegará o dia em que eles é quem serão necessários para mim. Quando esse dia chegar eu não quero implorar por um favor, eu espero que eles sejam maduros o suficiente para se adaptarem a inversão de necessidades. Não por obrigação moral, mas por amor, respeito e gratidão! É o ciclo da vida, é o novo pedido passagem!