terça-feira, 19 de março de 2013

Mulher, mulher...sou forte, mas não chego aos seus pés!


Nossa roda estava tímida, poucas pessoas e nenhum tema surgia. Como uma das participantes havia dito que estava sobrecarregada eu propus discutirmos esta questão. A primeira pessoa a falar foi a Karla (nome fictício). Ela disse que é muito difícil pra ela morar na casa da mãe com duas filhas adolescentes, o filho mais velho mora com o pai (primeiro marido). Em suas palavras: “Eu estou sempre sorrindo, mas ninguém sabe o que eu vivo. Algumas noites eu fico acordada olhando minhas filhas dormirem e penso: Meu Deus, como vou fazer amanhã pra elas comerem?...Estar só é muito difícil...eu só posso contar comigo e com este salário aqui do trabalho” (salário mínimo). Esta jovem mãe é viúva do segundo marido, o pai das filhas, que não deixou pensão.
Após ouvirmos com muita atenção as dificuldades de Karla (especialmente o fato de que ela sofre muito quando acaba um relacionamento amoroso) perguntei ao grupo: quem já se sentiu só, desamparada e como superou? Umas três mulheres disseram já ter vivido algo semelhante e que hoje elas são as rainhas de seus lares: “Eu já passei maus pedaços com meus filhos...hoje eles estão grandes e me tratam como rainha”. Todas afirmaram que venceram sem muito apoio masculino: “O homem não dá conta de metade do que nós fazemos por um filho”.
No Brasil parte significativa dos lares tem a composição semelhante ao de Karla, a mãe é a chefe da família e a figura masculina inexiste. Mas fica o mito de que não daremos conta, de que não será possível educá-los, alimentá-los, corrigi-los, amá-los etc. Claro que o ideal seria os dois pais juntos neste processo de criação dos filhos. Todavia, a mulher pode educar seus filhos, mesmo estando sozinha. Outra participante ressaltou que não precisa ter um “traste de homem” só pra dizer que não está sozinha: “quero alguém pra me apoiar, não pra me dar mais trabalho”.
Ao final eu ressaltei que não adianta apenas ter esperança de que tudo vai passar, de que um dia o sofrimento será passado. É preciso agir, trabalhar, estudar, tentar outras possibilidades...é preciso fazer o futuro acontecer. No que diz respeito à falta de um companheiro...é preciso não se iludir. Como eu já escrevi em outro post: se estivermos pela metade nunca vamos encontrar a metade que nos falta. É preciso estar inteira para encontrar alguém inteiro.