Na sequencia, Ana identificou-se com a primeira fala e contou que
sua família também fora abandonada pelo pai e que ela, ainda pequena, ajudava sua mãe
a lavar e passar roupa pra fora, passava com ferro
a brasa: “a tendinite que tenho hoje começou na infância...(choro). Meu marido saiu
de casa pra morar com outra mulher, estou sozinha. Porém, eu aprendi com a minha mãe a valorizar o
meu corpo... posso ser gorda e nem tão bonita, mas eu não achei minha perereca
no lixo...o homem vai ter que ser muito bom pra ter este corpinho” (muitos
risos e palmas).
O relato de
Ana me faz pensar nas mulheres que não se aceitam
sós, porque aprendem que seu valor está agregado ao de um companheiro. Estou lendo, pela segunda vez,
o livro “Mulheres que correm com os lobos”.
Este livro nos apresenta a mulher intuitiva que todas nós possuímos, umas ouvem a
intuição, outras a ignoram. A mulher que ouve sua voz interior, como
Ana, preserva-se. Muitas vezes entramos
em relacionamentos com uma sensação (intuição) de que algo está errado, ou que não dará certo,
mas insistimos. A mulher que ouve a sua voz
interior sabe (consciente ou inconscientemente) que aquela pessoa é uma armadilha ou não.
Quantos desastres
poderíamos evitar, para nós e nossa família, se soubéssemos duas coisas:
discernir que caminho seguir e dizer NÃO para a escolha inviável no momento.
Mas só podemos dizer NÃO se nos valorizarmos,
se formos capazes de conviver com nós mesmas e com a solidão.
Às vezes, estar só é dar uma
oportunidade para ouvirmos nossa mulher interior,
para sabermos o que queremos da vida e para onde queremos ir. Estar só pode ser uma oportunidade
para nos organizarmos internamente. Estar só é
apenas uma etapa, um meio, uma preparação para ficarmos inteira. Aí sim,
poderemos nos relacionar com a famosa “outra metade”. Mas se eu estou inteira,
que metade é essa? Fabio Jr. que me desculpe, mas metade da laranja... Duas metades diferentes nao podem ser uma unidade. O outro não é a metade que faltava, é apenas um outro que nos
acrescenta (nada de subtração). Mulher,
ouça sua voz interior e viva mais momentos felizes com sua melhor companhia:
VOCÊ!
P.S.:
Poderíamos ter cantado a música da Rita Lee: “Sei que eu sou bonita e gostosa/ E sei que
você me olha e me quer/ Eu sou uma fera de pele
macia/ Cuidado, garoto, eu sou perigosa/ Eu tenho veneno no doce da boca/ Eu tenho o demônio
guardado no peito/ Eu tenho uma faca no brilho dos olhos ...”