segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Postagem 101

Acabo de perceber que ontem publiquei a postagem de número 100. Obrigada a todos que acompanham e torcem pelo meu trabalho. Então vamos a mais uma.

Fui despretensiosamente para a roda de terapia. Ainda estávamos nos aquecendo quando uma jovem disse: Eu não tenho nada pra comemorar. Estou com uma dor de cabeça a mais de 10 dias. Eu vivo a base de remédios, quase não durmo de tanta dor.
Eu perguntei se havia algo que a estava preocupando e que poderia estar desencadeando tais dores. Ela disse que tem problemas, mas que eles não teriam relação alguma com suas dores. Eu insisti: aqui acreditamos que o que não falamos pode virar dor. Você quer compartilhar o que a está preocupando? Então ela começou a falar.
Ela e suas filhas voltaram a morar com a mãe (são oito pessoas na mesma casa) e a sua vida está um inferno. Logo no início ela começou a chorar, dizendo: “eu não tenho vontade de voltar pra casa”. Ela tem um filho que mora com o pai e que acha que a mãe o abandonou. “Eu não o abandonei, eu só não posso levar 3 crianças pra casa da minha mãe... Eu me sinto incapaz, tudo que eu faço não tá bom”. Ela falou por um tempo e chorou bastante.
Depois ouvimos histórias de mulheres que, como ela, tiveram que voltar para a casa dos pais com os filhos. Outras partilharam a dificuldade de morar com pais depois de adulta ou de não ter condições de ter uma casa, pois não tinham uma colher pra por dentro da casa. Todas elas superaram, foram à luta. Saíram de porta em porta buscando um barraco pra alugar, saíram da casa dos parentes ou deixaram os maridos. Assim, sozinhas, elas criaram os filhos hoje os filhos adultos são parceiros de caminhada.
Uma participante concluiu dizendo: “nada como um dia após o outro com uma noite no meio”. Eu fui pra casa pensando que gostaria de ser uma milionária alienada, ou alguém verdadeiramente engajada, uma assistente social. Fico me perguntando se apenas oferecer a escuta é suficiente. Eu sei que não é suficiente, mas também sei que é essencial. Uma coisa é certa: eu aprendo mais com essas pessoas o que elas comigo!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário, sugestão ou escreva um texto que eu publicarei ou responderei sua pergunta.