domingo, 7 de agosto de 2011

Quando sou impotente para ajudar alguém que amo

Esta sexta foi muito especial porque o tema escolhido foi o de uma participante que está na roda desde a sua fundação, 3 anos, e esta foi a primeira vez que ela trouxe um problema para a roda. Esta senhora é uma excelente observadora, após um ano participando regularmente das terapias ela começou a falar no momento de partilha. De lá pra cá aprendemos muito com suas experiências, uma pessoa amorosa, divertida, dedicada à família ... uma lutadora. Foi preciso 3 anos para que ela pudesse abrir seu coração e chorar diante de todos.
Iniciamos a roda fazendo massagem nas mãos, tocando nossas mãos e falando o que podemos fazer com as mãos. Na transição para a escuta dos temas eu perguntei: o que você gostaria de fazer com as suas mãos e não pode?
Nossa querida participante tem uma neta, filha do seu filho que faleceu no ano passado. Ela está vendo a neta sair da escola e ficar sem estudo, sem um futuro. Porém a mãe da menina é a responsável legal e parece não orientar a filha de forma adequada. A avó diz sofrer e se sentir impotente diante do que está acontecendo. Ela gostaria de estender sua mão e conduzir a neta para um futuro melhor.  No grupo ela pode nomear seus sentimentos, verbalizando entendeu  melhor o que se passa dentro dela.
Ao abrir para a partilha eu perguntei: quem já se sentiu impotente em relação a uma pessoa querida? Outra participante contou que está passando pela mesma situação. Dois sobrinhos foram assassinados por gangue e a irmã deles está indo por caminhos semelhantes. Esta tia sofre porque não pode fazer muita coisa por esta menina, que mora com a mãe que não tem autoridade sobre a filha de 13 anos, que também abandonou a escola.
Quando vemos alguém que amamos, nosso sangue, ir por caminhos tortuosos sentimos uma dor imensa. a dor ainda pode ser mais complexa se não podemos fazer nada para ajudar. Nossa vontade é de tomar a pessoa pela mão e conduzi-la pelo bom caminho. Estendemos a mão mas a mão não alcança a pessoa. Cada um tem uma história pra viver e normalmente não podemos impor nossos ideais aos que amamos. Nesta roda não encontramos uma solução para os problemas. Apenas ouvimos as duas com muita atenção. Ao final expressamos nossa solidariedade e destacamos o amor que elas têm pelos seus familiares.

Um comentário:

  1. Grata pela partilha, Teresa. Tenho pensado um pouco sobre algumas situações desse tipo... e me ocorre que talvez a própria partilha do que acontece no coração de cada um seja o que podemos fazer de mais "importante"... ainda que não gere a transformação que desejaríamos. O que você acha dessa possibilidade?

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