quarta-feira, 20 de julho de 2011

O terapeuta comunitário atuando com adolescentes e crianças

Considero essencial a postura do terapeuta comunitário no trato com crianças e adolescentes, mais central que numa roda com adultos. Este meu argumento se baseia no fato de que os pequenos participantes ainda estão em formação, tanto física, como psíquica e moral. Estão em busca de modelos a seguir. Prova disso é a forma como eles vêm seus ídolos, eles idolatram incondicionalmente alguns cantores, grupos ou jogadores. No microssistema (bairro ou escola) eles se agregam em turmas ou gangues, que confirmem a identidade do grupo. Eles querem dizer quem são, qual o seu perfil.
Feita esta introdução digo que a figura do terapeuta é central, como modelo, padrão de valores a seguir, modelo de afeto, de respeito. O olhar confirmador do terapeuta, como a conotação positiva, pode desencadear um processo de mudança inimaginável. Mas é preciso que o terapeuta acredite que isso pode acontecer. Todos os jovens participantes de uma roda são resilientes e podem transformar suas feridas em pérolas.
O terapeuta demonstra que acredita no grupo antes de iniciar a roda, quando ele a prepara com antecedência. Observe a faixa etária, o perfil, os interesses eescolha a dinâmica apropriada para eles. Se errar...tente outra. Após a roda avalie SEMPRE, é muito importante, identifique o que deu errado e invista no que foi sucesso, eles adoram atividades repetidas, que eles já conhecem. Se eles gostaram muito de uma dinâmica, pergunte se querem repeti-la em outra roda. Mas tenha sempre um plano B. Prepare duas ou três dinâmicas para caso de eventualidades.
Durante as rodas, seja firme e amoroso ao mesmo tempo. Como? Cada terapeuta tem suas características. Se você é muito meiguinha encontre um parceiro que seja mais firme, menos flexível e vice-versa. Sempre cumpra o que prometeu, nunca prometa o que não pode cumprir. Seja flexível, mas com moderação. Tenha o controle total da terapia, exija que sigam as regras.
Vou contar uma historinha que aconteceu comigo: eu sempre cobro que sigam as regras, eles até criaram algumas como levantar a mão pra falar. Um dia eles estavam muito agitados e eu disse: meninos eu deixei meus filhos sozinhos e dirigi 30 quilômetros pra estar com vocês. Eu amo estar com vocês, mas quero ser respeitada, como eu respeito vocês. Se vocês continuarem com esta bagunça eu vou embora.
Acho que estávamos na escolha do tema quando eu pedi pela segunda vez por colaboração e silêncio. Então um deles foi muito desrespeitoso comigo. Eu disse: eu não admito ser tratada desta forma. Quero ser tratada com o mesmo respeito que trato vocês. Pequei minha bolsa e fui embora. No outro sábado eu não apareci, eu realmente estava chateada. Quando voltei...(me emociono ao lembrar) nunca fui tão bem tratada, aí eu retribui com abraços e beijos. Foi um dia especial pra mim!

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