sábado, 2 de julho de 2011

TC: possibilidades de resiliências

Após a dinâmica, que postei anteriormente, eu perguntei quem gostaria de desenvolver o que havia apresentado brevemente. Uma participante contou como tem sido difícil pra ela ver a sua filha mentindo. Ela disse que teve que pressionar a jovem a contar o que estava acontecendo: “eu já sabia que ela estava grávida, mas queria ouvir dela...eu fui a última a saber...” Acontece que a filha é muito jovem e engravidou de um homem bem mais velho. Esta mãe sempre falou com as filhas, são três, que não apoiaria nenhuma gravidez antes do casamento: nas palavras dela: “tem que assumir sozinha o erro que cometeu”. A própria mãe também engravidou cedo, casou-se com 16 anos e sofreu muito no casamento; "minha mãe nunca apoiou meus erros". A filha mais velha também engravidou cedo e fugiu de casa porque a mãe (a participante) não apoiou. Agora a segunda filha está com quatro meses de gestação. Enfim, o problema que ela trouxe é basicamente: “como vou contar pro meu marido? (que não é o pai desta segunda filha, apenas da terceira); terei que cumprir minha palavra e não apoiá-la, como minha mãe fez comigo. O pai da criança não vai assumir e minha filha nem trabalha ainda!” Perguntei ao grupo quem já havia passado por uma situação semelhante. Quase todos tinham algo a contar, três mulheres contaram que também engravidaram cedo e não tiveram o apoio da família. Cada uma agiu de uma forma diferente quando as filhas cresceram: Uma delas contou que a filha engravidou nas mesmas condições e a família a apoiou, vejo aqui uma família resiliente; Outra mãe disse que assim que a filha contou que não era mais virgem ela levou a filha e o namorado ao ginecologista, para orientações e preservativos; A terceira sempre foi uma mãe que falava de tudo abertamente, mas que põe limites para a filha, como horário pra chegar, a mais nova não pode namorar etc..., mas já deu preservativo para a filha mais velha e orientou a tomar remédio quando resolver iniciar a vida sexual: “eu cuido, mas sei que quando ela quiser vai fazer, quer eu queira quer não...e tudo que é proibido é mais atraente, então eu não proíbo, só oriento”. Apessoa que apresentou a questão ouviu estas e outras falas, inclusive de homens. Ao final ela disse: "continuo não aceitando, não vou apoiar este erro". Eu pedi pra ela acolher aquelas falas e pensar um pouco mais antes de agir. Percebo que cada ser humano percebe e elabora de forma única sua experiência de vida. Uma ressignificou seu sofrimento e, de forma resiliente, aceitou a gravidez da filha. A segundo agiu de forma preventiva e franca; a outra cuida para que não se repita a mesma história. Mas, numa roda de TC, observando a resiliência da outra é possivel reinventar formas diferentes de convivência em família, que não a dos nossos pais. Após duas semanas a participante pediu pra falar, na roda: "consegui contar pro meu marido, conversei com minha filha, eu não disse que iria apoiá-la, mas também não vou jogá-la na rua, né!". Muitas vezes é preciso romper com as tradições, deixá-las presas numa fotografia e fazer diferente!

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