sábado, 23 de julho de 2011

Violência doméstica e o sofrimento dos filhos

Hoje tivemos uma roda de Terapia com os adolescentes. Um garoto disse: As brigas dos meus pais me tiram o sono. Foi como pipoca na panela, uma estourando após a outra. Vários meninos contaram suas experiências. Pais que se separaram em função da violência, mães que apanham de padrastos, tios que espancam as tias, mães que maltratam os filhos.
Enquanto eles falavam um misto de tristeza e amor materno me invadia: Meu Deus! Se eu pudesse tirá-los deste ambiente...como posso aliviar estas dores...será que o que eu faço faz alguma diferença? Então eu agi, como diria Winnicott, de forma espontânea e cuidadora.
Eu ouvi atentamente cada história. Tentei ajudar cada um a nomear os sentimentos em meio a esses contextos de violência. O clima foi ficando sério, pesado, os garotos que riam e debochavam dos outros se calaram, por respeito e identificação com o tema. Eu perguntava no momento da partilha: você sabe o que sente o fulano ao ver os pais brigando porque você também sentiu medo, não é?
Dois garotos apresentaram a forma como a família superou: Nós deitávamos todos juntos e chorávamos juntos. Um dia, que a minha mãe tava calma, nós falamos que não agüentávamos mais tanta violência, que ela tinha que parar, antes que algo pior acontecesse...ela teve agente muito nova, não tava preparada, ela fazia coisa que nenhuma mãe faz. A partir desse dia tudo começou a mudar.
Outro menino contou que os pais separaram após vários espancamentos mútuos. Sua mãe se casou novamente, agora são evangélicos, resolvem as diferenças conversando e que o casamento deles se fortalece a cada dia e o amor aumenta. Outros participantes ainda não superaram, continuam vivendo com medo.
Concluímos que é muito triste viver a violência em casa, que as marcas (os traumas) ficam. Chamei a atenção para o fato de que alguns deles têm reproduzido a violência com os colegas e irmãos. A conotação positiva foi para a força que eles têm para continuarem vivos e cheios de vida em meio à violência. Ao final tentei falar de paz, todos falaram palavras positivas como: esperança, paz, educação, respeito, alegria, harmonia, diversão, tranqüilidade. Terminamos de mãos dadas e com um grito coletivo da palavra AMOR!
Saiba mais sobre a violência doméstica infantil no Brasil: http://sites.google.com/site/violenciainfantilturma3107/violencia-domestica-infantil

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