quarta-feira, 14 de agosto de 2013

O dia em que me tornei uma mãe desnecessária


Na semana passada eu precisei sair de casa durante a madrugada. Logo, eu não estaria em casa para acordar meus filhos para irem à escola. Eu estava muito preocupada, pensei em várias possibilidades para suprir a minha falta. Então, o meu filho de 16 anos disse: mamãe, não se preocupe, você é desnecessária!
“Desnecessária, eu?” Como assim? Eles não despertariam sem mim, não tomariam café, não escovariam os dentes, não iriam à escola na hora certa. O primeiro impacto foi: Que horror! Depois ele disse: “Se você estiver junto, ótimo, se não, eu dou conta.”
Tornar-se um pai ou uma mãe desnecessária não é tão ruim assim. Parei pra pensar que se meu filho “dá conta” é porque eu fiz bem o meu papel de mãe e educadora. Tornar-se uma mãe desnecessária traz uma sensação de dever cumprido, de realização. Tornar-se uma mãe desnecessária é como receber um atestado de competência, um certificado ISSO qualquer coisa. 
Comparo nosso papel ao das rodinhas da bicicleta, que servem para ensinar e gerar autoconfiança. Ao aprendermos a andar de bicicleta as rodinhas se tornam desnecessárias. Um jovem de 20 anos que necessite de rodinhas na bicicleta deve ter algum problema de equilíbrio ou de aprendizagem. Assim são os pais, se educam e transmitem autoconfiança, tornam-se desnecessários. Pais de filhos pequenos, gastem muito tempo com seus filhos hoje, dediquem-se a eles, para que no futuro vocês possam viver suas vidas sem culpa e com filhos independentes.
Eu sai no meio da madrugada, às seis da manhã não lembrei de ligar para acordá-los, saber se tomaram café ou se escovaram os dentes. Bem, eles não tomaram café e não escovaram os dentes...mas chegaram na escola na hora certa. Foi uma oportunidade para eles aprenderem a fazer do jeito deles e para mim, o início de me tornar livre de responsabilidades rotineiras, porque quem é mãe nunca se sentirá totalmente desnecessária. A qualquer tempo, enquanto viver, eu estarei disponível para as questões em que a minha presença for essencial.

Um comentário:

  1. Oi, Teresa, muito bem colocada a questão da independência materna, posso chamar assim a partir do momento que sou mãe desnecessária, será isso um desapego, um corte umbilical, será preciso que o filho dependente nos demonstre com atitudes que somos mãe desnecessária? Parabéns para seu filho por te dar segurança em sua maturidade, parabéns a você por ter cumprido e estar cumprindo com competência sua função de mãe. Parabéns pelo texto muito bem escrito e esclarecedor. Abraços.
    Cibele

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