Antes de mais nada, é preciso dizer que não sou radicalmente
contra antidepressivos. Há casos em que encaminho meus clientes/pacientes para
um tratamento medicamentoso com psiquiatra. Os antidepressivos são essenciais
para que algumas pessoas possam viver e sobreviver a sua imensa dor. Expresso aqui um ponto de vista, dos muitos que existem e nenhum é mais certo ou errado que outro.
Há pessoas que ao passar por algum sofrimento
circunstancial, como o luto, recorrem às tais pílulas. O que acontece quando qualquer
pessoa que está vivendo em um mundo psiquicamente limitado, onde sua existência
circunscreve-se aos destroços e lixos emocionais, opta por tomar
antidepressivos? No meu ponto de vista este mundinho começa esconder os lixos,
as dores, as perdas...as saudades...e no lugar de tudo isso começam a surgir
flores – só que isso não viabiliza ir além, conhecer novos os horizontes, novas paisagens.
As flores são artificiais e a pessoa permanece em
um espaço psíquico limitado. Entendo que é preciso passar pela dor para
superá-la. Li em algum lugar que no fundo do poço tem sempre uma cama elástica
que nos lança para a luz. Se você não vivenciar, se não sofrer o que tem pra
sofrer (com suporte terapêutico, familiar ou social) não poderá saltar e ver
além do seu microuniverso destroçado.
Flores artificiais |
É possível que além dos limites do que uma pessoa triste alcança
hoje existam flores reais, com aroma, cor, textura, beleza e espinhos. É
preciso sofrer para compreender a dor do outro, para se identificar, para amar
verdadeira e intensamente. Para viver, é preciso sentir os destroços, superá-lo
e um dia viver plenamente, mesmo que a plenitude seja curta...será real.
Cito o trecho de uma música de Sérgio Pimenta:
Só quem sofreu pode avaliar quem sofreu.
Pode se identificar, pode ter
o mesmo sentir.
Só quem sofreu tem palavras de
puro mel
Que transmitem todo o calor
para quem precisa de amor
http://www.vagalume.com.br/sergio-pimenta/so-quem-sofreu.html#ixzz27uL72jeU